Governadores recuam e pedem trégua a Bolsonaro

Compartilhe

A recondução de Aras na PGR, depois de um período de geladeira no Senado, marca uma inflexão diante dos reveses que Bolsonaro enfrenta. Uma coligação composta por STF, governadores, políticos de oposição e até a OAB, fez um cerco contra o presidente. Sob intenso fogo cerrado, contra-atacou.

Depois das prisões arbitrárias, incluindo o presidente do PTB, Roberto Jefferson, Bolsonaro anunciou que apresentaria pedido de impeachment contra os protagonistas do assédio judicial – ministros Barroso e Moraes. Depois disso, houve recrudescimento da frente oposicionista, tentando jogar Bolsonaro nas cordas. O presidente não abriu a guarda, manteve a pressão e aumentou a tensão entre os poderes.

O STF soltou uma nota corporativa em defesa do ministro que cometeu crime de responsabilidade, que pode levar ao impeachment. Julgar ação quando, por lei, é suspeito. Se ele é vítima, não pode ser julgador e investigador, como ocorre no inquérito 4871. Alinhado com o STF, o presidente do Senado disse que não haveria fundamentação para o pedido de destituição. A OAB, sem ninguém pedir, apresentou um parecer no mesmo sentido.

Governadores do Nordeste, mais o do AP, ES, SP e RS produziram uma epístola de solidariedade, assegurando que as policias estaduais garantiriam a integridade do STF e de seus membros. Mas eis que os governadores, durante fórum, recuaram. Em vez de uma carta crítica, optaram pela trégua e solicitaram reunião com o presidente.

No Senado, além da recondução de Aras, Pacheco encaminhou o nome de Mendonça para avaliação da CCJ. As polícias avisaram que, em caso de confronto, estariam do lado do Exército, como prescreve a Carta. Os govenadores se deram conta de que não comanda a polícia “bolsonarista”.

Enquanto isso, Bolsonaro inflama a sociedade a participar de manifestações em 7 de setembro, marcadas para Avenida Paulista (SP) e no Distrito Federal. Ao mesmo tempo, o STF nega aos senadores da Covid o habeas corpus que lhes dariam liberdade para vazar documentos sob sigilo.

A força de Bolsonaro será mensurada por esses dois atos. Ou haverá muita gente, simbolizando para o Brasil e o mundo que atos antidemocráticos no Brasil não provém do Executivo, mas dos outros polos que formam a Praça dos Três Poderes. Se o poder emana do povo, cabe ao povo decidir. Ou será que até isso é relativo na Constituição?

Você pode gostar...

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Skip to content