Brasil iguala recorde de ouros de Londres na Paralimpíadas
Campeão mundial desbanca chinês no arremesso de peso F57, e Marco Aurélio Borges é bronze.
Foi preciso esperar 2h30 e 14 adversários até entrar em ação. Uma vez posicionado, Thiago Paulino deixou todos para trás. No arremesso de peso da classe F57, para cadeirantes, o bicampeão e recordista mundial cravou 5,10m e conquistou o ouro nas Paralimpíadas de Tóquio com recorde do evento. No pódio, terá a companhia do compatriota Marco Aurélio Borges, bronze com 14,85m. O chinês Guoshan Wu foi prata.
O ouro de Thiago Paulino é o nono do atletismo brasileiro e o 21º do Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio, igualando o recorde histórico de títulos do país nos Jogos, alcançado em Londres 2012. Ele coloca o Brasil temporariamente na sétima colocação geral, somando 61 medalhas – 14 pratas e 26 bronzes fecham a conta.
A noite de gala do Brasil começou a se desenhar com a entrada de Marco Aurélio Borges na competição. 12º a competir, o veterano de 43 anos assumiu a liderança logo no primeiro arremesso, com 13,98m. Ele acertaria dois dos cinco arremessos restantes, fazendo 14,85m na terceira tentativa, novo recorde paralímpico. Como faltavam apenas mais três atletas, incluindo outro brasileiro, era possível cravar que o país conquistaria no mínimo um bronze.
O polonês Janusz Rokicki, que veio na sequência, conseguiu um máximo de 13,53m e ficou fora da zona de medalhas. O chinês Guoshan Wu, campeão paralímpico na Rio 2016 e penúltimo atleta a competir, elevou o sarrafo. Na quarta tentativa cravou 15m, novo recorde paralímpico, e assumiu a liderança da prova. Ele queimou as duas últimas chances e ficou no aguardo do brasileiro.
Thiago Paulino começou muito bem, com 14,77m na primeira tentativa. Na segunda foram excelentes 15,10m, mais do que suficientes para garantir o ouro e o novo recorde paralímpico, o terceiro da noite na prova. A explosão foi emocionante, e o mesmo com o título garantido o brasileiro seguiu em busca do recorde mundial. Depois de queimar a quarta e a quinta tentativas, ele abriu mão da última. Não era preciso. O ouro estava na mão.
Jardênia Felix representou o Brasil na final do salto em distância da classe T20, para deficientes intelectuais. Teve um excelente início de prova, com 5,29m, novo recorde das Américas, o que lhe deixava na terceira colocação. A brasileira manteve a regularidade, com três dos cinco saltos seguintes acima de 5,25m. Suas adversárias, porém, cresceram na competição, e Jardênia terminou em quinto. A campeã foi a polonesa Karolina Kucharczyk, que quebrou o recorde paralímpico com 6,03m.
O Brasil também participou das eliminatórias de provas de velocidade. Nos 200m feminino T12, para atletas de baixa visão, tanto Viviane Soares quanto Ketyla Teodoro fizeram suas melhores marcas na temporada, mas chegaram em quarto lugar em suas respectivas baterias e não avançaram na competição. Viviane cobriu a distância em 26s61, e Ketyla fez 26s74. A mais veloz foi a cubana Omara Durand, com 23s40.
Nos 200m masculino T37, para paralisados cerebrais, o Brasil teve três representantes. Vitor de Jesus fez 24s79, melhor tempo dele na temporada, mas ficou em sexto na primeira bateria e não avançou.
Na segunda bateria, Ricardo Mendonça sobrou tanto que desacelerou demais no fim, permitindo a ultrapassagem de Andrei Vdovin, do Comitê Paralímpico Russo, e passou em segundo com 22s96. Christian Gabriel, apesar da quinta colocação, pegou a última vaga para final por tempo após cravar 23s89.
Nos 100m T36, também para paralisados cerebrais, Aser Ramos fechou a primeira bateria em quarto lugar e conseguiu avançar à final com o sexto melhor tempo, 12s25, o melhor dele na temporada.
Rodrigo Parreira, bronze na prova no Mundial de Londres 2012, sofreu uma lesão muscular logo após a largada da segunda bateria e ficou para trás. Apesar da dor, ele se levantou e fez questão de cruzar a linha de chegada após 1m18s. Depois foi retirado da pista de cadeira de rodas. O vencedor da tomada de tempo foi Mohamad Ridzuan Puzi, da Malásia, com 12s06.