Camilo Santana assemelha-se a um garoto mimado, um reizinho, que não tolera críticas. Seus ouvidos sensíveis, acostumados à sinfonia da bajulice de seus áulicos, sofrem com qualquer nota fora do tom. E passa a chamar a oposição de raivosa, intolerante, barulhenta.

Zoada mesmo é o papoco de bala aqui nos bairros de Sobral. No mesmo dia em que Camilo Santana, com Roberto Cláudio a tiracolo, inaugurava praças em Sobral, ao lado de Ivo Gomes, a bala comia na periferia, fazendo tombar quatro pessoas inocentes, duas crianças entre elas.

A população divulgou nota de repúdio, chamando atenção para a escalada da insegurança. Antes, era briga de facções, bandido matando bandido. E a sociedade até tolerava, sem se dar conta de que flertava com a barbárie. Agora, já se matam inocentes, mas ainda nos bairros periféricos. Só haverá reação quando o tiroteio atingir o quintal do prefeito?

A pandemia da bala está matando tanto quanto a do coronavírus, e o governo se mostra incompetente para enfrentar uma e outra. Desviou recursos federais da covid para outras finalidades e diminuiu o investimento na segurança. Resultado: o maior número de mortes por covid no Nordeste e a maior taxa de mortes violentas em todo o Brasil.

Assim como faz o menino mimado, não assume suas responsabilidades. Pelas mortes da covid, culpa o genocídio. Para violência desenfreada, diante do morticínio, culpa o motim. Um montão de problemas no governo, nenhum por culpa do governador.

Camilo se mostrou raivosinho contra a oposição no mesmo dia em que se publicou o resultado da Paraná Pesquisas na corrida eleitoral rumo ao Abolição. Capitão Wagner lidera em todos os cenários. Mas não só por isso. Wagner acionou a PGR para tomar providências em relação ao relatado no TCE: Camilo aplicou na saúde apenas um terço da verba federal encaminhada para combater a pandemia e mitigar seus efeitos.

Santana deveria aproveitar as críticas da oposição para aperfeiçoar seu governo. Mas já se viciou em elogios, daí querer calar oposição e até jornalistas que não rezem a sua cartilha. Na sua bolha, tudo que não lhe agrada é classificado como fakenews. Só o seu mundo é real, o resto é barulho. E ele nem escuta a zoada da mutuca.