Dória, o João Traidor

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Uma frase atribuída a Talleyrand diz que, na política, a traição é uma questão de data. O pensador francês tem a sua mais completa tradução no governo paulista, que faz da traição seu exercício político. A mais notória foi quando deu um chega pra lá no seu padrinho político, Geraldo Alckmin. Também foi infiel ao povo de São Paulo, quando jurou de pé junto que não renunciaria à prefeitura para ser governador.

No primeiro aceno, vestiu uma calça apertada e saiu por aí, rumo ao Palácio Bandeirantes. Vestiu a fantasia de João Trabalhador, com farda e capacete. Para decolar mesmo, usou outro apetrecho fashion, a bolsa. Surfou na onda de Bolsonaro, e, sem o menor pejo, acrescentou o BolsaDória para arrematar os votos no bolsão conservador. Não durou seis meses a lua de mel, e mais uma traição foi acrescentada à coleção doriana.

Desprezou os votos conquistados pelo alinhamento eleitoral a Bolsonaro e passou a chamar de mau gosto toda e qualquer ação do governo federal. O narciso de Sampa achou que era feio o que não era seu reflexo e passou a mirar o espelho d’água do Palácio do Planalto. Bateu forte em Bolsonaro, tentou protagonismo com as vacinas, mas teve contratempo. A Coronavac, anunciada por ele como a melhor, é o mais ineficiente dos imunizantes.

Agonizante nas pesquisas, Doria tenta o poderio econômico para se viabilizar como postulante ao governo federal, mas enfrenta dificuldade dentro do seu próprio partido. Ao promover desavenças no ninho paulista, o mais emplumado do país, ele vira símbolo de desagregação. E faz tudo para vencer as prévias tucanas. Para isso, aposta na traição, estrada que ele pavimentou em toda sua história política.

É nesse figurino que o João Traidor chegou ao Ceará e se apresentou no Marina Park, terra de Jereissati, tucano histórico, reverenciado político cearense, que, depois de auscultar o partido, já havia se definido por Leite. Ele mesmo um dos candidatos à postulação presidencial do PSDB renunciou à disputa em favor do governador gaúcho, Eduardo Leite.

Por um alinhamento político, Tasso considera Leite mais agregador. Doria não respeitou nem uma coisa nem outra no seu turismo ao Ceará. Quem não se lembra de sua visita a Miami, enquanto decretava distanciamento social em São Paulo? Na mesma circunstância, foi pegar sol num hotel de Copacabana no Rio.

Doria esteve no Ceará, num evento esvaziado, fraco. De forte, só o deputado federal Danilo. Em pessoa, compareceu a deputada estadual Fernanda, acompanhada de seu pai, prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, já comprometido com outro candidato, o gaúcho Eduardo Leite. Os tucanos, tradicionais muristas, precisam se decidir para não ter que, amanhã, chorar sobre o leite derramado.

Sobre a participação dos políticos que foram presenciar o evento eleitoreiro de Doria em terras cearenses, vem à lembrança outro epíteto do governador paulista: João Dólar.

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