Falta dágua compromete higiene na manipulação de alimento no Mercado público

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Inaugurado em 1964 como Mercado da Carne, o Mercado Público – Centro Comercial Chagas Barreto, instalado no centro de Sobral, passou por diversas reformas e ampliações até chegar a atual estrutura de hoje, com espaço para um comércio mais diversificado, entre frutas, verduras, roupas, acessórios diversos e alimentos, distribuídos em cerca de 300 boxes e pontos comerciais.

Transitar pelo espaço reservado à comercialização de carnes e peixes tem sido uma verdadeira prova de resistência para a clientela do mercado, ainda mais aquelas pessoas de estômago mais sensível. O nariz também não precisa ser muito apurado para captar o fedor quase insuportável que emana do lugar. Aves e pescados ficam expostos em cima dos balcões sem nenhuma proteção, ou temperatura regulada.

O mesmo ocorre com a carne bovina, manipulada sem qualquer higiene, exposta próxima à vísceras acumuladas no chão ou sobre alguns dos boxes. “Fazia tempo que eu não vinha deste lado do mercado. Tinha até esquecido dessa situação. É difícil passar por essa parte, e não achar ruim esse fedor, e a quantidade de moscas”, reclama a dona de casa Rita Siqueira (52).

peixes são comercializados em situação inadequada no que se refere à saúde pública (Fotos: Edwalcir Santos).

A reclamação também parte de alguns permissionários; entre eles, José Raimundo da Silva (52) que, há 9 anos, comercializa carne de gado no mercado. É muita sujeira. Por mais que alguns donos de boxes mantenham seu espaço limpo, outros parecem não se preocupar com isso; o que pode espantar a freguesia”, lamenta. A falta de água também tem sido uma reclamação constante entre os permissionários, que sofrem todas as vezes que os banheiros são entupidos.

Ainda, segundo Raimundo da Silva, “aqui, o bem precioso é a água, sem ela, o mercado, que já não é tão cheiroso, fica pior ainda. Quando o banheiro quebra, a gente chega a ficar dias sem água nas torneiras ”, desabafa o comerciante. Segundo Silvestre Vasconcelos, gerente de núcleo do mercado, “há, sim, manutenção regular, quando necessário, nos banheiros. E, às vezes, a falta de água se dá pela limpeza da cisterna do prédio, que leva em média uma semana para voltar ao pleno funcionamento. A última limpeza foi feita a cerca de quinze dias”, afirmou.

De acordo com a nutricionista Martinilsa Rodrigues, “todo o ambiente de manipulação de alimentos deve estar o mais higienizado possível, uma vez que expõe o alimento a ações diretas de micro organismos patogênicos ou provenientes do próprio ambiente devido à poluição onde se encontra, além do mau acondicionamento ou embalagens inapropriadas”, salienta, e reforça. “Os estabelecimentos industrializados e comercializadores de carnes, nesse caso, o mercado municipal, devem apresentar estruturas higiênico-sanitárias adequadas, a fim de impedir condições favoráveis para a multiplicação de microrganismos ou quaisquer outros efeitos danosos aos produtos”.

Outro ponto importante destacado pela nutricionista é quanto a própria higiene de quem manipula esses alimentos, o que não tem sido priorizado por alguns permissionários. “A higiene pessoal deve ser uns dos principais pontos a serem cumpridos, visto que a presença de pias para lavagem das mãos é de extrema importância, além do uso de uniformes adequados, como também não falar e nem tossir quando manipulam alimentos e dinheiro ao mesmo tempo. Deve-se ainda utilizar cabelos presos e protegidos e não utilizar adornos como brincos, anéis, pulseiras dentre outros”.

Prefeitura promete reformar o antigo mercado (Fotos: Edwalcir Santos).

Ainda, segundo Martinilsa Rodrigues, “esses objetos pessoais acumulam sujeira e micróbios, além de poderem cair nos alimentos”, reforça a profissional, e faz um alerta. “Vale lembrar que a sujeira acumulada é ideal para a multiplicação de micróbios. Portanto, manipular alimentos em um ambiente sujo é uma forma comum de contaminar os alimentos. As superfícies que entram em contato com os alimentos, como bancadas e mesas, devem ser mantidas em bom estado de conservação, sem rachaduras, trincas e outros defeitos”, finaliza.

De acordo com a Prefeitura de Sobral, por meio de sua assessoria, “foi instituído no mercado, pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Econômico (STDE), o Procedimento Operacional Padrão (POP), com o objetivo de capacitar os permissionários para a adequada manipulação dos alimentos comercializados no local. A limpeza do espaço é realizada com a utilização de produtos de qualidade superior, indicados para a limpeza profunda. Quanto à situação da falta de água, “a Prefeitura instalou um novo conjunto motobomba em substituição ao antigo equipamento, garantindo a regularidade no abastecimento. Informamos que está sendo finalizado o projeto para reforma e adequação dos banheiros, visando oferecer maior conforto aos permissionários e frequentadores do lugar”, garante.

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