Sobre a questão do lixo/resíduos sólidos
Para entender melhor a questão do lixo, é preciso retornar a um ponto mais longínquo na nossa cronologia social a fim de observar a visão do ser humano em face da natureza.
A preocupação com a destinação dos resíduos, do lixo, surgiu há bastante tempo. Com base em dados arqueológicos, é possível afirmar que na pré-história já se queimava lixo para eliminar o mau cheiro e separavam ossos e cinzas em locais específicos.
Os povos antigos como egípcios, sumérios e, em especial, os romanos, tiveram a preocupação em gerir seus resíduos e dejetos, construindo sistemas de esgoto nos moldes da época chamados de cloaca.
A chamada Revolução Agrícola, ocorrida há mais de 12 mil anos, foi o momento em que o ser humano precisou domar a natureza de forma que ela fornecesse ininterruptamente, o indispensável à alimentação, e daí surgiram às cidades, locais onde se produzem hoje a imensa maioria do lixo.
Segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020, a geração saiu de 66,7 milhões de toneladas em 2010 para 79,1 milhões em 2019, uma diferença de 12,4 milhões de toneladas. O mesmo estudo diz ainda que cada brasileiro produz, em média, 379,2 kg de lixo por ano, o que corresponde a mais de 1 kg por dia.
Após mais de 10 anos de aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, ainda há 2.663 lixões em cerca de 2.500 municípios espalhados pelo Brasil, de acordo com o Atlas da Destinação Final de Resíduos, as informações foram coletadas e publicadas pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Fonte: Agência Senado
Mesmo diante de tanta informação ambiental, instrumentos políticos, altos investimentos, tecnologia e sistemas de reaproveitamento e reciclagem de resíduos, é inadmissível continuarmos gerando tanto lixo, com tão baixa coleta seletiva e taxa de reciclagem aquém do ideal. É preciso acordar e perceber que os recursos naturais são finitos e se degradam comprometendo a qualidade do ar, da água, do solo e aumentando a temperatura do planeta cada vez mais.
É preciso além de uma maior fiscalização por parte dos órgãos públicos, de mais atendimento a coleta seletiva, mais incentivo as cooperativas de catadores, como também uma gestão voltada para educação ambiental e a adesão de todos ao projeto.
Por hoje é isso. Até mais!
Ricardo Lopes
Biólogo/Técnico Ambiental
Reg. 01838321322 CRT 02