Milton Ribeiro acerta saída do governo para estancar desgaste
Acordo foi costurado entre o titular do Ministério da Educação e o presidente Jair Bolsonaro para evitar novos desgastes
Alvo de inquérito da Polícia Federal, o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, vai pedir licença do cargo depois de ser alvo de suspeitas de tráfico de influência dentro da pasta. A saída foi costurada com o Presidente Jair Bolsonaro como a melhor solução para evitar mais desgastes pessoais e também ao governo, especialmente em ano eleitoral.
A informação foi confirmada pela reportagem com fontes ligadas ao presidente. De acordo com os interlocutores, o ministro deve usar a licença para focar em sua defesa diante dos inquéritos. Não fossem as denúncias, Ribeiro não deixaria o governo nem na Reforma Ministerial, que deve ocorrer agora no fim do mês de março.
Durante reunião no ministério, Ribeiro afirmou que o governo federal prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por dois pastores (Gilmar Santos e Arilton Moura). O áudio foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo e, segundo o ministro, o pedido partiu do próprio Bolsonaro.
Após o escândalo vir à tona, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar o suposto esquema de tráfico de influência envolvendo o ministro da Educação e pastores que frequentam a pasta, mas que não têm cargo público. A inquestigação atende a uma Determinação da ministra Cármem Lúcia, do STF.
A corporação vai avaliar se os religiosos influenciaram o envio de verba para municípios em troca de propina, se o ministro da Educação sabia das irregularidades e se colaborou com elas. Nas próximas semanas, a PF deve ouvir Ribeiro e os pastores. As diligências estão a cargo do delegado Bruno Caladrini.
Lideranças e parlamentares religiosos defendiam que o ministro saísse do comando do MEC. Em caráter reservado, afirmam que o escândalo respingou na categoria, apesar de os pastores envolvidos não terem ligação, e que isso pode causar efeitos negativos, com vistas às eleições deste ano.