Bolsonaro na luta do bem contra o mal

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Em 27 de março, Dia do Teatro, o presidente Bolsonaro usou o palco do Centro de Convenções de Brasília para encenar o lançamento de sua pré-campanha. Encenação porque ele está sempre em campanha, como todo governante apto à reeleição.

No seu discurso, usou o já sambado recurso do nós contra ele, antigamente entoado pelos governos petistas. Desta feita, com nova roupagem: a luta do bem contra o mal. Embora não seja tão convincente falar contra corrupção ao lado dos próceres do Centrão e ainda em meio ao tiroteio midiático contra a ação pastoral no MEC, Bolsonaro ainda pode dizer que, até agora não foi atingido por nenhuma denúncia séria de corrupção que atinja seu governo.

Bandidos que orbitam palácios a fim de tirar proveito, existem em todos os tempos, regimes e ideologias. O que se faz para que não prosperem é o que diferencia os honestos dos que se aboletam nos cargos para militar em proveito próprio.

Tudo é uma questão política, que nos faz lembrar que não há virgens em prostíbulos. Não se pode dizer que o bem estava configurado no púlpito da festa partidária, nem tampouco que o mal se encarnara nos vocalistas da Lollapaloozo.

Para quem acha que Bolsonaro representa o atraso, Anita está anos à frente, com tatuagens e músicas a envolver o mundo. Mas não comoveu o ministro cearense, do TSE, Raul Araújo. Segundo ele, havia mais campanha eleitoral nos palcos musicais do que nos discursos desafinados em Brasília. Estipulou multa de 50 mil reais. Não faz nem cócega no bolso de Anita, é só uma bolsa a menos.

A expressão é a maior das liberdades, vocalizam os músicos, que se calaram quando essa liberdade foi negada a quem tem o carimbo de bolsonarista, sejam eles parlamentares, sejam jornalistas. Os artistas também têm sua luta do bem contra o mal, com sinal trocado. Cada um parodiando Sartre: o diabo são os outros.

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