CPI da Assembleia tenta queimar Capitão Wagner
A Assembleia Legislativa do Ceará, que jamais implantou uma comissão parlamentar para investigar alguma irregularidade de qualquer governo, agora cria uma CPI para bater na oposição e atingir a candidatura do presidente do União Brasil ao governo do Ceará, deputado federal Capitão Wagner.
As pesquisas eleitorais, produzidas para consumo interno, trazem duas informações cruciais: o que tira o sono do governo é o fortalecimento da candidatura oposicionista. A janela da oportunidade se abre diante da possibilidade de associar o capitão reformado da PM às greves dos policiais, que deixaram a sociedade entregue à própria sorte, num estado que já não inspira segurança.
Os ataques a Wagner na última campanha municipal centraram fogo nesse quesito. A greve da polícia, que catapultou sua carreira política, pesa contra ele quando o assunto é bem manipulado no caldeirão da marquetagem, O medo continua sendo o principal ingrediente dos experimentos publicitários das campanhas eleitorais.
A fraqueza do governo se mostra no ataque, a partir das trincheiras e barricadas erguidas na Assembleia. Com apenas um membro da oposição, e com presidência e relatoria a cargo dos partidos que governam o estado, a CPI vai na contramão das que costumam acontecer em outros locais. Aqui, por exemplo, jamais teria uma CPI para investigar o aquário ou a corrupção do Castelão.
A CPI do Narcotráfico, criada para abafar a do Aquário. jamais prosperou. Na época, Capitão Wagner era deputado estadual e pugnava pelas investigações. Evandro Leitão, que hoje comanda a Assembleia, arregou com um claro motivo: “Tenho família”.
Diante desses fatos, é fácil a conclusão. Mesmo num quadro em que a principal vulnerabilidade administrativa está na insegurança, os parlamentares demonstram enorme fastio para investigar bandidos, mas apresentam uma fome voraz contra os policiais.
Talvez essa inversão explique os péssimos números do Ceará, que atingiu recorde de assassinatos em 2017 (sem nenhuma greve) e a maior taxa de crescimento de homicídios do Brasil em 2020, superior a 70%. O segundo colocado, Maranhão, teve menos de 30% de incremento.
Segurança é o calcanhar de Aquiles deste governo. Só resta dizer que a culpa é do Bolsonaro, é da conjuntura sul-americana. A culpa é de Wagner, o causador de motins. A dúvida é: o respeitável público vai acreditar neste roteiro de mambembes?