Falta de pagamento de contas de água e luz bate recorde em março
Segundo a Serasa, o percentual de inadimplência no segmento foi de 23,2%, maior valor para o mês dos últimos 4 anos.
A inadimplência no pagamento de serviços básicos, como água e luz, bateu recorde em março deste ano. Segundo a Serasa, o percentual foi de 23,2%, maior valor para o mês dos últimos quatro anos. O número representa um aumento de 4 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2019.
São mais de 37 milhões de faturas atrasadas no segmento. A alta do valor da energia elétrica e doa alimentos tem pressionado a renda das famílias. Em janeiro deste ano, os calotes em serviços básicos bateram recorde geral – o percentual foi de 23,7%, o maior valor de toda a série histórica iniciada em janeiro de 2018.
A falta de pagamento de juros a bancos e cartões de crédito lidera o ranking das dívidas em março, com 28,17%, mas o segmento não teve um aumento acentuado como as contas básicas. Em relação a março de 2019, cresceu um ponto percentual.
A inadimplência como um todo no Brasil está no terceiro mês de alta seguida, próxima à registrada no pico da pandemia de Covid-19, que foi em abril de 2020. Em março deste ano, 65,6 milhões de pessoas não conseguiram pagar as contas em dia.
Para o gerente da Serasa, Thiago Ramos, a alta das dívidas é um reflexo do cenário atual. “O cenário econômico tem alguns indicadores que apontam para uma perspectiva de alta dessa tendência de inadimplência e as contas básicas não são diferentes”, afirma.
Entre os fatores que contribuem para o aumento do calote, de acordo com Ramos, estão a redução da renda média dos brasileiros, que está no menor patamar dos últimos 12 anos; o aumento do número de trabalhadores informais, que atualmente supera 38 milhões; o desemprego, que por mais que tenha apresentado uma leve queda percentual, ainda não quebrou a barreira de 12 milhões de desempregados
“Uma pesquisa que a Serasa fez no mês de março também apontou que os brasileiros tiveram que priorizar algumas contas para fazer o pagamento. Por mais que as contas básicas estivessem entre essas prioridades, mas esses fatores certamente contribuíram para o crescimento da inadimplência das contas básicas”, avalia Ramos.
Desde o último dia 16 de abril, acabou a cobrança na conta de luz da bandeira de escassez hídrica, que resultava em uma taxa extra de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. A medida, que encarecia os custos da energia elétrica, estava em vigor desde setembro de 2021, por causa da crise hídrica. A redução estimada pelo governo nas contas de luz para o consumidor é de cerca de 20%.
“A energia é um custo muito importante tanto para insumos de serviço como para o consumidor de um modo geral. A expectativa é que caia bem o preço a partir deste mês. Várias térmicas foram desligadas, que é um bom sinal de que o custo de geração de energia está melhorando”, afirma o economista Matheus Peçanha, pesquisador do FGV/Ibre.
Mas o impacto da inflação pressiona o orçamento familiar. A prévia da inflação oficial de preços subiu 1,73% em abril, a maior variação para o mês desde 1995, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A maior disparada mensal do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15) desde fevereiro de 2003 (+2,19%) faz o indicador acumular avanço de 4,31%, neste ano, e de 12,03%, nos últimos 12 meses.
Fonte: Serasa/IBGE/FGV