Bolsonaro combate inflação com mais juros, menos impostos e troca de ministros

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Quem vê as manchetes dos jornais é levado a crer que Bolsonaro só se preocupa com as urnas eletrônicas e com o enfrentamento aos membros do STF, que agem como políticos, na corte que funciona como partido de oposição. Além do blá-blá-blá, ele age. Troca presidentes de estatais, substitui ministro, sobe os juros e reduz impostos, na tentativa de aplacar a sanha devoradora da inflação.

No Ministério das Minas e Energia, emergem dois dragões. Um responde por energia elétrica, e outro por combustíveis. Os dois avançam sobre sua popularidade justo no período eleitoral. A inflação dos alimentos abastece o outro lado que faz um cerco feroz sobre o bolso e a mesa dos brasileiros. O que faz Bolsonaro?

Usa a receita clássica do aumento de juros para tentar refrear a alta de preços e reduz impostos. Começou com diminuição do IPI, o imposto sobre industrializados, com foco nos produtos da linha branca. Logo, o STF, colo acolhedor dos pleitos da oposição, brecou a iniciativa. A bancada do Amazonas, em defesa da Zona Franca de Manaus, se posiciona contra a redução dos impostos. Para salvar a ZFM, sacrifica-se o resto do pais.

Agora, anuncia-se a redução de impostos de importação de vários itens que compõem a cesta básica, tentando aliviar as agruras das populações mais vulneráveis, diante de um quadro de insegurança alimentar. O bônus do Auxílio Brasil, que triplicou o valor do Bolsa Família, tende a se deteriorar diante do ataque inflacionário.

Alguns itens contemplados na redução de impostos – ferro e aço – também são focos de controvérsia, a indústria nacional reclamando da falta de competitividade com os produtos importados. Mas a atitude é acertada, não apenas pela redução de custos, mas pelo incentivo ao emprego, via construção civil. São duas frentes: o combate à inflação e ao desemprego.

Com todas essas mazelas na economia, o Brasil ainda tem o desempenho superior aos seus vizinhos. Na Argentina, por exemplo, o índice de inflação já supera os 50%, enquanto no Brasil, embora tenha superado a barreira dos dois dígitos, ainda não é tão ameaçador. O cenário sombrio se espalha nos quatro cantos do mundo, tanto no pós-pandemia quanto pelos estilhaços da guerra da Rússia na Ucrânia. Para o Brasil, porém, a previsão é alvissareira.

FMI e especialistas reavaliam suas projeções sobre o desenvolvimento econômico. E o Brasil está bem na fita. Enquanto a projeção do mundo tende a piorar, o Brasil é dos poucos a vislumbrar melhoras. No início do ano, imaginava-se em 0,3% o crescimento do PIB deste ano. Na reavaliação, ele mais que dobra: 0,7%. E já tem projeção para incremento superior a 1%.

O mundo olha para o Brasil, não para os possíveis arroubos e discussões internas de Bolsonaro. Eles miram o Brasil e enxergam Paulo Guedes, acertando suas ações e projeções. E ainda tem o mercado brasileiro como porto seguro para seus investimentos. Mas tudo pode mudar, com o aumento de juros nos Estados Unidos. Se houver uma escalada, a América se apresentaria como um eldorado para os rentistas.

Enquanto isso não acontece, dá para chegar até as eleições sem muita turbulência, o que pode favorecer à reeleição.

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