Ceará descarta caso de hepatite misteriosa em adolescente no Cariri

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O paciente, internado no Hospital Regional do Cariri (HRC), aguardava pelo resultado do exame que constatou que ele não tem hepatite. 

“É importante ressaltar que não há relação entre a vacinação contra a Covid-19 e os casos da hepatite infantil aguda misteriosa”. A afirmação é da médica infectologista pediátrica, Nerci Ciarlini, que acredita que a hipótese mais forte dos casos relatados na Europa e EUA seriam a de que haveria uma junção das duas infecções: uma infecção prévia pela Covid-19 e uma infecção subsequente com o adenovírus. “Realmente foram encontradas amostras positivas do adenovirus em 72% dos casos no Reino Unido. A suposição seria a de que haveria a possibilidade da persistência do SARS-COV2 na mucosa intestinal”, detalha a médica.

Caso de hepatite misteriosa investigado no Ceará é descartado (Foto: divulgação).

Nerci alerta que as hepatites podem acometer qualquer faixa etária, contudo, crianças são acometidas por tipos específicos da doença. As chances do “cruzamento” entre as duas infecções, segundo a médica, diminuiria, se mais crianças tivessem sido vacinadas”, destaca a infectologista.

O exame, que teve resultado negativo para uma suspeita da doença no Ceará, era investigado pela Secretaria de Saúde do Estado. O caso chamou a atenção das autoridades de saúde e levantou o alerta, após os relatos registrados em um estudo publicado na revista científica The Lancet, onde pesquisadores da Imperial College, em Londres, no Reino Unido, e do Centro Médico Cedars Sinai, nos Estados Unidos, levantaram a teoria de que uma infecção prévia pela variante Ômicron teria relação com a hepatite infantil.

Segundo o texto científico, há a possibilidade de o vírus da variante deixar “rastros” no organismo, como pequenos reservatórios que permanecem no trato gastrointestinal (boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus) e influenciam a inflamação exacerbada quando as crianças são infectadas pelo adenovírus que causa a hepatite.

Na opinião da infectologista pediátrica do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), Michelle Pinheiro, o tempo em que as crianças ficaram em isolamento domiciliar, por conta da pandemia, pode ter influenciado nas infecções. “Essas exposições acabam ocasionando a formação de acometimentos múltiplos e causando danos hepáticos maiores que podem levar à mutação do adenovírus”, explica, e finaliza. “Em outras palavras, o adenovírus que causava a hepatite, antes, pode não ser o mesmo que circula agora”, deduz.

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