Prática de tiro esportivo tem atraído cada vez mais pessoas em Sobral
Os adeptos, associados ao Sobral Clube de Tiro, têm participado de disputas locais e nacionais com armas de fogo, com êxito. Além da prática desportiva, eles também buscam por mais segurança.
“Eu vim aqui aprender sobre as armas de tiro e perder o medo que eu tinha sobre o assunto. Estou no meu terceiro dia de aula de teoria e prática. Aos poucos, tenho entendido o funcionamento da arma e como eu posso me sentir mais segura”. A afirmação é da comerciante Ana Clécia Borges, moradora de Varjota, que tem tido aulas de tiro em Sobral. Ana participa do curso básico, o primeiro passo para ser iniciado no esporte.
Criada há pouco mais de 10 anos, hoje, a Sobral Clube de Tiro conta com cerca de 300 pessoas associadas. Além da Ana Clécia, a filha dela, a dentista Ianca Borges, também resolveu tirar todas as dúvidas que tinha sobre armas de fogo e se iniciar no esporte. “Eu, no início, estava muito nervosa. São muitas lendas sobre a arma, como a possibilidade de perder algum dedo no manuseio ou atirar para outro lado. O instrutor foi bastante atencioso e me passou segurança”, explica a jovem, e reforça. “Até o que fazer no caso de um ataque de um ladrão, por exemplo, dentro de casa. Tudo muito diferente do que a gente imagina”, diz.
Em outro estande, o repórter cinematográfico Ivanésio Silva, que pratica tiro faz cerca de cinco anos, se prepara para mais um dia de treino com um fuzil. Ele, que é ex-militar, hoje é um desportista e incentivador da prática, tendo participado de várias competições em Sobral e fora do Estado. Além do curso inicial básico com um dia de treino dividido entre teoria e prática, Ivanésio explica o passo a passo para ter acesso às armas e entrar no mundo das competições.
De acordo com o desportista, “ter uma arma, manter uma arma, participar de campeonatos, exige muito preparo. Temos cursos, exames psicológicos. Tem que frequentar o clube, para adquirir mais prática; além da posse de arma propriamente dita, que o exército permite. Também, tem que ter a guia de tráfego para transportar essa arma, de casa para o clube, para viajar quando houver competições, enfim, existe uma série de restrições. Não dá para sair por aí com uma arma, como as pessoas imaginam. Sem falar na segurança, item importante, que não pode faltar em nenhum momento”, explica.
De acordo com a legislação, a posse de armas é permitida para o cidadão comum no Brasil, mas é preciso seguir algumas regras para a comercialização e registro de armamento. Em contrapartida, o porte de armas é restrito aos profissionais de segurança pública, membros das Forças Armadas, policiais e agentes de segurança privada.
A Portaria Interministerial nº 702, de 31 de agosto de 2015, do Ministério da Justiça, alterou os valores definidos em Lei majorando as taxas de registro (e renovação de registro), que passou de R$ 60,00 para R$ 91,35; o porte (e renovação do porte), que teve seu valor alterado de R$ 1.000,00 para R$ 1.522,49.
O proprietário e instrutor do Clube de Tiro, Francisco de Andrade, diz que Sobral tem se destacado em competições locais e fora do Estado. “Aqui, nós sediamos a Liga Nacional de Tiro ao Prato; inclusive, temos dois campeões de nível nacional, entre homens e mulheres. Somos um celeiro de novos talentos, na verdade”, comemora. Além da prática esportiva, o instrutor, também, reforça a ideia do uso de arma de fogo como segurança pessoal. “Nos últimos anos vem-se implementando falas, que o cidadão não pode ter armas. A Polícia não pode estar 24h em sua casa; em alguns segundos, você pode perder sua vida. Então, o cidadão precisa ter uma chance de se defender, claro com toda a técnica e cuidado adquirido em um espaço preparado para isso”, explica e reforça. “Essa questão tem que ser muito mais debatida no País”.
Para David Vasconcelos, também instrutor, a segurança é um assunto que permeia todo o aprendizado e postura dos associados, dentro e fora do Clube. “Acho de extrema importância a questão da segurança, quando se fala na utilização de armas de fogo. Se o cidadão começar a entender que, no que se refere à defesa, o primeiro ponto de contato é ele, acredito que os índices de insegurança caiam bastante. Quando homens e mulheres buscam o acesso a uma arma é pensando na defesa de suas vidas e defesa de suas famílias”, finaliza.