Barbosa, por que não te calas?

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Achando pouco o vexame provocado pela tagarelice de seus colegas de agora, o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa veio dar seu contributo. O magistrado brilhou quando relator do processo do Mensalão, mesmo sem alcançar o capo do esquema, que só veio a ser preso no esquema de roubalheira ainda maior, o Petrolão. Barbosa travou bom debate com Lewandowsky, que, às vezes, se esquecia de que era ministro revisor, para atuar como advogado de defesa dos acusados. A teoria do domínio do fato, esposada por Barbosa, chegou no máximo a José Dirceu, o testa de ferro do comandante. Agora, Barbosa vem criticar as Forças Armadas. Não disse coisa com coisa.

O ataque às Forças Armadas foi dentro de um comentário sobre a participação do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, durante audiência na Câmara dos Deputados. O militar, questionado sobre a intromissão da corporação nas eleições, disse que as Forças Armadas estavam quietinhas no seu canto e foram convidadas pelo TSE. Barbosa disse que elas deveriam continuar no seu cantinho.

O ex-presidente do STF errou de alvo. Como lembrou o general, as Forças Armadas não se intrometeram, foram convidadas e não poderiam se eximir da responsabilidade. A culpa da participação militar é do então presidente do TSE Luiz Roberto Barroso, que criou uma comissão de transparência das eleições e chamou os militares para o baile. Deve ter se arrependido, pois disse depois que os militares tentavam desacreditar o processo eleitoral.

Quando Fachin assumiu TSE, teve a chance de extinguir a comissão e mandar as Forças Armadas de volta ao seu cantinho. Os militares, que os togados imaginavam fariam papel decorativo, levaram a sério o convite e apresentaram sugestões e questionamentos. Foi o suficiente para que Fachin desse um coice retórico: “Eleição é com as forças desarmadas”. Barroso foi chamado de leviano; Fachin, de desrespeitoso.

Jamais se viram magistrados tão palradores. Há um brocado no meio jurídico segundo o qual os juízes devem ser discretos e só falar nos autos. No alto de sua arrogância, a trupe que encena poder na suprema corte fala pelos cotovelos. Pior do que isso, faz política e age como partido de oposição. Jamais se viram magistrados tão palradores. Fachin detém o troféu boquirroto, mas é ameaçado por Barroso. Ambos desconhecem escrúpulos para falar mal de seu país

Ultimamente, o STF mais parece uma agência de viagem, tantos os voos internacionais para a América e pela Europa. Os ministros, que acumulam mais milhas do que processos, se sentem ainda mais à vontade no exterior para deitar falação. Agora mesmo, Fachin atacou o armamentismo, agenda de Bolsonaro: “Nação armada é nação oprimida”. Foi uma gafe, pois disse isso no país mais armado, e mais democrático, do mundo, Estados Unidos.

Sem a beca, sem cargo público e sem papas na língua, Barbosa foi mais um a bater duro nas Forças Armadas. Chamou de vassalagem militar. Estranho tanto juiz correr para tentar coibir os militares de se imiscuir na questão das urnas eleitorais e se colocar como defensor da democracia. Em vez de consolidar a consciência de que o sistema é seguro, esses estratagemas nos deixam cada vez mais com a pulga atrás dos bites.

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