Projeto de Lei reconhece relevância histórica de campo de concentração no Ceará

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Votado e aprovado na Assembleia Legislativa, o projeto pretende que esse fato da história da cearense não caia no esquecimento. O Campo de Concentração do Patu, se localiza no município de Senador Pompeu, na região do Sertão Central.

De acordo com o deputado Queiroz Filho (PDT), autor do Projeto sobre os campos de concentração que foram erguidos no estado, “o de Senador Pompeu é o único que ainda possui edificações”, explica e pontua. “Atualmente, consiste em um canteiro de obras com 12 casarões, 160 casas de taipa e três casas de pólvora. Calcula-se que morreram cerca de 12 mil pessoas, mais da metade dos concentrados, tanto que foi criada a ‘Caminhada da Seca’, que reúne, anualmente, desde 1982, mais de cinco mil pessoas”, diz.

Projeto deve ser sancionado pelo Poder Executivo (Foto: reprodução).

Segundo Queiroz Filho, o reconhecimento, assim como a preservação da estrutura do sítio, reafirma a existência dos campos de concentração de retirantes no Ceará durante o período da grande seca de 1932. “A ausência de resquícios físicos de tais campos em Fortaleza tende a relegar ao esquecimento esse difícil capitulo da nossa história. Temos exemplos que geraram duas comunidades, do Pirambu e do Alagadiço, e a favela dos trilhos, que se desenvolveram de maneira desigual em relação a outras áreas da capital”, afirma. Aprovado em plenário, o Projeto de Lei segue para ser sancionado pelo Poder Executivo.

Poucos brasileiros conhecem a história do sítio arquitetônico do Campo de Concentração do Patu. Palco de muito sofrimento no passado, o local foi tombado como patrimônio histórico-cultural da cidade de Senador Pompeu. De acordo com historiadores, o espaço servia para confinar milhares de pessoas que fugiam da seca no interior do Ceará.

O objetivo era evitar que os retirantes chegassem a outras cidades, principalmente Fortaleza, capital cearense. Oficialmente, 16.221 pessoas ficaram concentradas no campo, sob alegação de que estariam sob a proteção do governo. De acordo com historiadores, lá, elas eram expostas a uma série de sofrimentos e privações. Muitos homens, mulheres e crianças morreram de inanição e de doenças, como a tifo. Os retirantes também seriam explorados como mão de obra escrava, trabalhando de forma forçada em obras públicas.

Em 1932, a seca foi intensa, e novos campos de concentração surgiram para confinar os retirantes, não só em Fortaleza e Senador Pompeu, mas nas cidades de Crato, Quixeramobim, Cariús e Ipu. Ao todo, eram sete campos de concentração, sendo dois deles em Fortaleza. “Foi absolutamente cruel, mas houve discursos humanistas. O discurso era que o confinamento seria para cuidar das pessoas, mas passaram a morrer oito, nove, dez pessoas por dia”, afirma Kênia Rios, historiadora e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC).

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