Se der problema, chama o capitão
O Capitão do Brasil foi só elogios ao Capitão do Ceará. Na mais recente viagem de Bolsonaro a Fortaleza, o presidente da República demonstrou a sua preferência e apelou para a unidade da ala conservadora. Deixou claro seu apoio à candidatura de Capitão Wagner ao governo do Estado, de quem disse “amigo com muita honra”. Depois de participar de uma motociata, que partiu do aeroporto velho até a Praia de Iracema, no sábado (16/7), teve um ato político durante a Marcha para Jesus. Bolsonaro associou sua candidatura à de Wagner Souza, que tem a mesma patente militar: “Se tem problema no Brasil, chama o capitão. Se tem problema no Ceará, chama o capitão”. Só faltou dizer é capitão lá e capitão cá.
UNIÃO – Presidente do União Brasil no Ceará, Capitão Wagner espera contar com o apoio do PL, partido do presidente Bolsonaro. O presidente do PL no Ceará, prefeito Acilon Gonçalves, tem condicionado o apoio da sigla a um engajamento maior na campanha presidencial, o que, até agora, ele não tem visto. Com parcela de seu eleitorado declarando voto em Lula nas pesquisas, Capitão Wagner pisa em ovos para não perder votos nem de um lado nem de outro.
BRASIL – Tudo o que os adversários de Wagner querem é a nacionalização da campanha, seja para se eximir dos gritantes problemas locais, que não foram solucionados pelo grupo que tem se eternizado no poder, seja para envolver o rival na teia de rejeição de Bolsonaro, segundo registro das pesquisas. Enquanto Wagner tenta se equilibrar entre diversas forças, Acilon Gonçalves insinua lançar candidatura própria do partido.
PARTIDO – Desde o início, Capitão Wagner anuncia que seu palanque está unido em torno de múltiplas candidaturas presidenciais. Na época, exibia o apoio do senador Luiz Girão, com a candidatura Moro a tiracolo. Mas já não há mais Moro ou qualquer candidatura relevante. O próprio União tem a candidatura de Bivar, que não é para valer. O palanque, que se apresentava múltiplo e diverso, tende a ficar dividido.
LIBERAL – Por mais liberalizante que seja a candidatura de Wagner, querendo abraçar todos que se aproximem para derrotar a oligarquia Ferreira Gomes, estaremos numa eleição presidencial das mais polarizadas, como nunca, e haverá de se decidir. Seu voto não será de Lula, tampouco de Ciro. Restará dizer que vota em Bivar, e torcer para ganhar no primeiro turno, pois não haverá muro que o segure na segunda fase. Será frio ou quente.
APELO – Quando os bons não se unem, o mal vence, disse Bolsonaro, apelando à união. Capitão Wagner tem um dilema, que pode ser uma cilada. Os adversários tentaram colocar nele a pecha de bolsonarista, durante as últimas eleições. Com o mesmo afinco, Wagner tentava negar. Agora, há muitas imagens dos dois, será difícil dissociá-los. Por enquanto, Wagner navega em céu de brigadeiro, mas pode haver turbulência na travessia.