Prefeitura divulga kits de remédio contra a covid e é desmentida pela população

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Em vídeo institucional, Prefeitura divulga que “desde o último dia 22 de maio, vem seguindo o protocolo de tratamento recomendado pela Secretaria de Saúde do Estado do Ceará para pacientes com coronavírus. Desde então, estaria distribuindo um kit de remédios. A população rebate a informação.

Se é verdade que foram distribuídos 157 kits, a iniciativa só beneficiou cerca de 10% das pessoas infectadas. De 22 de maio pra cá, são 14 dias: dá uma média diária de 11 kits distribuídos. Já a média de casos confirmados chega a 108 por dia. Eram 1.392, no início do período, e subiu para 3007, em 4 de junho.

Segundo a divulgação, a terapia combina o uso do corticoide prednisona e do antibiótico azitromicina, em pacientes, a partir do quinto dia de sintomas – e que não precisem ser internados”, relata a reportagem, e segue. “Até o momento, já foram distribuídos 157 kits de tratamento”.

De acordo com Josiane Dorneles, assessora técnica da Secretaria da Saúde, “as pessoas que testaram positivo para covid-19 e estejam fazendo tratamento em casa, se houver piora nos sintomas, os remédios são prescritos, ou o paciente é encaminhado para internamento hospitalar”, afirma.

Atendimento, com medicação, divulgado pela publicação institucional da Prefeitura (Foto: institucional PMS).

Dos 67 comentários no Facebook, 65 foram de reclamação e crítica. Ao todo, foram 177 reações, com 36 compartilhamentos até 23h. A internauta Vânia Lopes disse que “é muita cara de pau, mesmo. Fui no PSF dos Terrenos Novos, já estava com 8 dias sentindo os sintomas, inclusive, falta de ar. A médica mandou eu ficar 14 dias em isolamento. Não passou nenhuma medicação, comprei por conta própria. Nem o exame do PSF, que eles ficaram de ligar e marcar, ligaram”, desabafou.

Nando Pontes também questionou. “O prefeito pergunta se queremos usar máscara ou ventilador. Nem máscara, nem ventilador. Porém, mantive as regras determinadas pelo Decreto, mas a responsabilidade de acompanhamento e a certificação da confirmação, se realmente eu estou com covid é de quem? Ninguém quer passar por nenhuma situação”, disse, assim como Jaqueline Rodrigues. “Isso daí, não é verdade, não. Você chega na unidade de saúde, se consulta, e o médico dá uma receita de dipirona e um antialérgico. Parem de publicar fatos não reais”, cobrou, a internauta, e revelou. “Já tive minha filha, que fez consulta lá, e esse foi o procedimento. Agora, estou com nora, outro filho com suspeitas. O que fizeram, foi mandar eles usarem máscara e se isolar em casa”, lamentou Jaqueline.

O casal, Leiviane e Carlos Vasconcelos, que teve sintomas associados à covid-19, não fez exames, e recebeu uma medicação ou outra do posto. Os dois foram orientados a se tratar em casa (Foto: Marcelino Junior).

A situação a qual os dois internautas passaram tem se repetido com outras pessoas, vítimas em potencial da doença, que se queixam do atendimento recebido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e nos postos de saúde de Sobral. A vendedora Leiviane Arcanjo Vasconcelos (23), moradora do Bairro Campos dos Velhos, um dos mais atingidos em número de casos positivos (133), buscou ajuda médica para ela e o marido, quando se sentiram doentes. “Eu tive febre, calafrios, dor no corpo, principalmente nas costas, e falta de ar. Meu esposo sentia dor no corpo, vermelhidão nos olhos e muita falta de ar, também”, relata a vendedora.

O casal foi junto ao posto de saúde. “Eu me consultei no PSF do Campo dos Velhos. Lá, disseram que eram sintomas da covid, então, me colocaram na lista para fazer exames, mas disseram que a prioridade era para profissionais da saúde e de alto risco. Me receitaram dipirona, que recebi na hora, da própria farmácia do posto. A azitromicina, só encontrei no município de Meruoca, pois aqui estava em falta”, explica Leiviane. No posto do Alto do Cristo, onde meu marido se consultou, também não colocaram ele na lista para exames, somente receitaram os remédios. Voltamos para casa e, com cinco dias ele piorou”, lembra a vendedora.

Carlos Wescley, o marido de Leiviane, já sofrendo de falta de ar mais grave voltou a buscar ajuda médica. “Eu levei ele ao Hospital Regional”, segue a vendedora, “disseram que apesar de estarmos com sintomas de covid, não tinha muito o que fazer; que ele voltasse para casa e que o posto do bairro ligaria para marcar o exame. Até hoje, catorze dias depois, nós não fizemos nenhum teste. Ainda sentimos alguns sintomas, mais leves, mas não posso dizer que estamos recuperados. Outra preocupação é que tivemos contato com pessoas da família que atestaram positivo para a covid, mas que também estão se tratando em casa”, revela.

Todos os relatos são de pessoas que acreditam terem sido vítimas da doença, e que esperavam, diante de dúvidas e medo, outro tipo de atendimento, por parte da Saúde municipal. Sobral contabiliza 112 mortes, por covid-19, segundo atualização nesta quinta-feira (4). Os casos confirmados chegam a 3.007. Os descartados 4.006, segundo o Informe do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde de Sobral, a ser atualizado, por volta das 21h de hoje.

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