Chegou a vez do Capitão

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Com o esfacelamento do poder que se manteve no Ceará por décadas, nunca esteve tão fácil para a oposição, personificada na figura do Capitão Wagner, conquistar o governo do Ceará. Os Gomes já não são os mesmos de outrora, quando a mítica de invencíveis ajudava a arrebanhar aliados, como mariposas que orbitam a luz. Eles já não se entendem e estão discutindo em público suas desavenças. A briga foi feia, teve dedo na cara, teve voz alterada. El Cid, que campeava apoios em todo o Ceará, só se recolhia quando acometido de suas crises de enxaqueca. A reclusão de agora não se deve à doença, a não ser que o corpo esteja respondendo a um processo de somatização, provocada pelo não cumprimento dos compromissos assumidos com antigos aliados. O que Cid tem de conciliador, o irmão maior tem de desagregador. Com o prenúncio do crepúsculo dos coronéis no horizonte cearense, pode ser que tenha chegado a vez do Capitão.

Já que Ciro Gomes está agora falando em Deus, e já posou com a Bíblia na mão, eis um alerta da Palavra, inscrito em Mateus 12:25: “Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá”. Ao que se sabe, Ciro rompeu com os irmãos e fez valer o seu candidato, provocando o racha entre os aliados. Por não aceitar a liderança do mano Cid, propiciou a candidatura Elmano.

Graças a Cid Gomes, capitão Wagner, uma liderança então incipiente no meio da polícia, se projetou e ganhou musculatura política. Com expressivas votações, assumiu, sucessivamente, uma cadeira na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Agora, graças aos arroubos infantis ou senis de Ciro Gomes, Wagner ameaça chegar ao Abolição, numa impensável derrocada do império do norte.

Roberto Cláudio, o homem dos respiradores fantasmas, vai ter que usar um aspirador para juntar os cacos partidários espalhados por todo lado. Já arrastou para si o PSD de Domingos Filho, aliado antigo, que virou inimigo, e está de volta ao aconchego. Tem a vaga de senador a oferecer ao PSDB, que poderia indicar Tasso, outro aliado que já foi alijado e voltou às graças. Mas os tucanos estão refratários.

Enquanto a briga corre solta do outro lado, Capitão Wagner coleciona apoios. O mais recente, e também o mais importante, foi do PL, que vai indicar o vice. Com isso, garante apoio de importantes prefeituras, incluindo Eusébio e Aquiraz. De palanque múltiplo, Wagner vai administrar apoios de quatro presidenciáveis. Mas será visto como palanque de Bolsonaro, já que o de Lula estará com Elmano, e o de Ciro com Roberto Cláudio.

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