A guerra mal começou
Alvo de ataques de artilharia de seus adversários, Capitão Wagner precisou usar seu escudo de herói para se esquivar da saraivada. Mal começou a campanha, o candidato do União Brasil chama atenção para o clima de guerra entre os candidatos, que deveria ser evitado. Segundo ele, estamos em guerra real. Não sei se ele se referia ao conflito no leste europeu, entre Rússia e Ucrânia, ou à batalha perdida para as facções que comandam o Estado. Seja como for, ele acha que a população prefere conhecer as propostas em vez de presenciar a troca de sopapos verbais. Tanto Elmano de Freitas (PT) quanto Roberto Cláudio (PDT) dispararam contra o capitão. Mas isso é provisório. Vai durar até a primeira pesquisa revelar quem está em segundo lugar.
O rompante de Ciro Gomes, que rompeu com os aliados, mudou drasticamente o cenário eleitoral no Ceará. A candidatura imposta de Roberto Cláudio pariu a de Elmano, que se junta a Camilo para armar palanque ostensivo de Lula por aqui. Elmano, que já protaganizou uma disputa com o ex-prefeito de Fortaleza (e perdeu) uniu o PT em seu nome. Antes, eram todos contra Wagner. Agora, é um contra o outro, e os dois contra o militar.
Logo que tiveram seus nomes ungidos para a disputa, cada um saiu atirando contra o deputado federal mais votado do Ceará, que perdeu por pouco a última eleição para prefeito de Fortaleza. Nesta semana, sai a primeira pesquisa que engloba os três candidatos. Quem figurar em terceiro lugar vai bater no segundo, com o intuito de viabilizar sua passagem para o segundo turno, para enfrentar o “PM amotinado” que está na iminência de apeá-los do poder.
Se o Capitão assumir o pelotão da frente, como previsto, vai se repetir o que aconteceu na disputa que também envolvia Sarto e Luzianne. A Loura, que figurava em segundo, apanhou mais do que galinha para tirar o choco. O marketing da pancadaria não economizou no arsenal de baixarias, sem se importar que estava batendo em mulher. Até que conseguiram alcançar o fim, que justificou os meios para chegar lá.
Assim, embora o alvo preferencial seja o “representante de Bolsonaro”, Elmano e Roberto Cláudio vão reeditar a disputa e se engalfinhar na troca de amabilidades, certamente no mesmo nível em que Ciro e Lula se referem um ao outro. Se um vier falar de Petrolão, o outro pode revidar com Covidão, trazendo à tona os escândalos de respiradores e hospital do PV. Não haverá acordo de cavaleiros, para que um apoio o outro no segundo turno.
A briga dos dois, que pode favorecer Capitão Wagner, é também um risco para a oposição. O Solidariedade, que até ontem estava com Wagner, já se bandeou para Elmano, justificando alinhamento nacional com Lula. No segundo turno, se as feridas provocadas no embate anterior não se cicatrizarem, a abstenção será grande. PDT apoiar PT é inviável, disse Ciro, que também profetizou: “Estamos na iminência de perder a eleição”.