Em plena pandemia, índice de violência no Brasil tem aumento de 8%
No ano de 2020, Brasil registrou 3.950 crimes de homicídios, latrocínio e lesões corporais. Sendo 294 a mais que o registrado no mesmo período no ano de 2019.
De acordo com o levantamento, 3.950 mortes violentas foram registradas em abril de 2020. No mesmo mês no ano passado, foram 3.656. O crescimento ocorre mesmo em meio à pandemia da Covid-19, em um mês onde medidas de isolamento social foram adotadas em todo o país.
Já considerando o período de janeiro a abril, foram 15.868 vítimas de assassinatos neste ano, contra 14.580 em 2019, uma diferença de 1.288 mortes.
A alta no início deste ano vai na contramão de 2019, que teve uma queda de 19% no número de assassinatos em todo o ano. O Brasil teve cerca de 41 mil vítimas de crimes violentos no ano passado, o menor número desde 2007, ano em que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública passou a coletar os dados.
Os dados apontam que:
• o país teve 3.950 assassinatos em abril de 2020
• houve 294 mortes a mais na comparação com o mesmo mês de 2019, uma alta de 8%
• já de janeiro a abril, foram 15.868 crimes violentos, um crescimento de 9%
• 19 estados do país apresentaram alta de assassinatos no quadrimestre
• 7 registraram queda no período e 1 manteve o mesmo número de mortes
O levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Pandemia do coronavírus e isolamento
O mês de março foi o período em que a pandemia do coronavírus ganhou força no Brasil. A primeira morte foi registrada em 16 de março, em São Paulo.
Foi também o mês em que vários estados começaram a aplicar medidas de fechamento de comércio e isolamento social. O Rio de Janeiro publicou um decreto com as medidas de restrição de circulação e funcionamento dos serviços no dia 17 de março. Já São Paulo adotou a quarentena a partir de 24 de março.
Já em abril, praticamente todo o Brasil conviveu com medidas de isolamento social. Mesmo com a circulação de pessoas mais restrita, porém, houve um aumento de assassinatos de forma geral, o que chama a atenção.
O Ceará, inclusive, foi o estado com a maior escalada de violência do Brasil. Nos primeiros quatro meses do ano, o número de vítimas quase dobrou, passando de 759 para 1.514.
O ano de 2020 teve o mês de fevereiro mais violento do estado desde pelo menos 2013, com mais de 450 mortes. Desse total, 312 aconteceram durante os 13 dias da greve policial. Houve uma média de 26 mortes por dia. Antes, a média era de 8 por dia.
Para o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Luiz Fábio Silva Paiva, a greve foi um fato circunstancial. “Obviamente que os grupos armados que estavam envolvidos em acerto de contas e disputa pelo tráfico encontraram uma ótima oportunidade para intensificar determinadas ações. Mas a greve não é determinante. Em janeiro [antes da greve], a gente já tinha uma situação grave. Depois, em abril, maio e junho, esses conflitos se intensificaram, com invasões de bairros e com ocupação de territórios de grupos inimigos”, afirma.
“São situações que a gente observa que elas acontecem independente da ação policial. Até porque a maneira como as nossas polícias atuam pouco tem incidido no aumento ou na diminuição dos homicídios”, diz Paiva. “A gente fica muito mais à mercê da dinâmica interna dos grupos criminosos. Quando intensificam confronto, tem número mais alto, e quando recuam, tem número mais baixo.”