Ciro Gomes entrega o jogo
Está na hora de entregar o governo para o Capitão Wagner. A frase de Ciro Gomes, extraída de uma entrevista para o programa Roda Viva, da TV Cultura, está sendo interpretada como um ato falho de alguém que jogou a toalha, que enxerga a derrota, não apenas no cenário nacional, mas no quintal do coronel. Não cante derrota muito cedo, cantarolou Roberto Cláudio, para quem a frase de Gomes não poderia ser comprada por seu valor de face. O que se depreende da frase, seja qual for o objetivo, é muita arrogância, uma roupa velha que jamais deixou de usar. ´É como se dependesse dele, e não do povo, a alternância do poder. Seus dias de mandonismo estão contados. Vão ficar na memória, como uma fotografia a doer na parede.
Para além da arrogância e do ato falho, Ciro Gomes quis se vender como quem mandou no estado durante 30 anos, até mesmo nos governos de Tasso e Lúcio Alcântara. Segundo ele, o povo, ao experimentar o governo do “cara lá do Bolsonaro”, sentirá falta de um governo sem corrupção, recordista em educação, saúde e industrialização. Ciro é audaz, mas não a ponto de citar a segurança, o maior fiasco dos governos da Grande Família.
Como de costume, Ciro Gomes não resiste à checagem dos fatos. Quanto à corrupção, seu irmão Cid Gomes responde a dois inquéritos na Polícia Federal, Um sobre extorsão, denunciado em delação dos irmãos da JBS. O empresário, segundo depoimento, foi obrigado a fazer doação para campanha de Camilo Santana. No outro inquérito, envolve também Ciro Gomes, sobre corrupção nas obras da reforma do Castelão para a Copa do Mundo.
A maior preocupação dos cearenses é a saúde. Em segundo, vem a insegurança, seguida da educação, segundo dados de pesquisas eleitorais. Ciro chegou a trabalhar na saúde, e o resultado é um dos piores. E o problema não foi só a pandemia, que atingiu a todos, mas doeu mais nos cearenses entre os nordestinos. Antes e depois da pandemia, o Ceará é recordista em doenças como dengue e chikungunya. Sem falar dos surtos de cólera, quando ele governava.
Leviano com os números, Ciro disse no mesmo programa que Bolsonaro merece ser preso, por causa dos crimes na pandemia. E pontificou: “O Brasil tem 3% da população do mundo, aqui morreram 11% da população do mundo”. Esses 11% não correspondem nem mesmo à população nacional, pois o número de mortes teria que ser superior a 20 milhões. Com um promotor como Ciro, Bolsonaro jamais seria condenado.
Ao fim e ao cabo, Ciro mandou recado tanto a antigos aliados quanto a seus próprios irmãos. A briga, que segundo ele foi ocasionada por se rebelarem contra sua liderança, vai propiciar a troca de comando. Que há sério risco de perder o poder que eles mantinham por muito tempo. A última cidadela fica ao norte, governada pela caçula insurreto. É como se dissesse “voltem a mim ou sofram as consequências”