29 mil crianças fora da pré-escola no Ceará, diz pesquisa
O número de alunos de 4 e 5 anos matriculados no Ceará caiu, durante a pandemia de Covid-19.
No estado, em 2019, 92,5% das crianças de cinco e seis anos estavam matriculadas. No ano passado, esse número caiu para 88,8% — o que significa que 29.236 crianças dessa faixa etária estavam fora da pré-escola.
Os dados foram divulgados, nessa quarta-feira (21), e fazem parte da pesquisa ‘Desigualdades e impactos da covid-19 na atenção à primeira infância’, lançada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em parceria com o Itaú Social e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Apesar dos dados negativos, o Ceará ainda apresentou desempenho melhor que o Nordeste e o País no período. No Brasil, a diferença da Taxa Bruta de Matrícula (TBM) na Pré-Escola, entre 2019 e 2021, foi de -4,1 pontos percentuais, enquanto, no Nordeste, essa redução foi ainda maior, de 5,6 pontos percentuais. Em todo o País, 83,7% das crianças de cinco e seis anos estavam na escola e, no Nordeste, esse número é de 83%.
Os números indicam o tamanho do impacto da pandemia no aprendizado de crianças. “É indispensável que os gestores públicos elaborem ações robustas e coesas de busca ativa dessas crianças, ampliem o acesso à educação infantil com qualidade e realizem o monitoramento dessas iniciativas para que o direito constitucional à Educação seja efetivamente garantido”, afirma Esmeralda Correa Macana, especialista em Monitoramento e Avaliação do Itaú Social.
Além da baixa de matrículas na pré-escola, os números de matrículas em creches também caíram. No Ceará, entre 2019 a 2021, a redução foi de 2,1 pontos percentuais, saindo de 34,7% das crianças de 0 a 3 anos matrículas para 32,6%. Isso representa 171.157 crianças dessa faixa etária fora de creches no Estado.
Essa redução de matrículas no Ceará é menor que a queda registrada em todo o País (que foi de 2,8 pontos percentuais, saindo de 31,8% para 29%), mas é maior que o observado no Nordeste (que saiu de 26,4% para 25%, diminuição de 1,4 pontos, portanto).
Além dos dados sobre educação infantil, a pesquisa também trouxe informações sobre insegurança alimentar e aumento da mortalidade materna. O estudo mostra que, de 2019 a 2021, aumentou em 0,18 pontos o percentual de crianças com peso muito baixo no Estado. “No Ceará, 3,6% das crianças estavam abaixo do peso ou muito abaixo do peso em 2021”, apontam os dados.
Sobre a mortalidade materna, sem números do Ceará, a pesquisa mostra que, entre 2019 e 2021, observou-se um aumento de 89,3% na Razão de Mortalidade Materna (RMM) em todo o Brasil. Foram 113,6 óbitos de mães a cada 100 mil nascidos vivos em 2021 — mais da metade dessas mortes se deu em razão da Covid-19: 53,4%.
Sobre o resultado da pesquisa, por meio de nota, a Secretaria da Educação do Estado (Seduc) informa que “não houve redução de matrículas na pré-escola na rede pública municipal do Ceará. Em 2020, 173.320 crianças de quatro e cinco anos estavam matriculadas, enquanto, em 2021, foram 177.559. A redução geral, portanto, se dá pelos números das escolas privadas”, revela.
A Seduc destaca que cada município é responsável pelo gerenciamento de suas escolas, entretanto, o Governo do Ceará instituiu o Regime de Colaboração com as 184 prefeituras. “Nesse contexto, desenvolve, articulado ao Programa Mais Paic, o Programa Mais Infância Ceará”, informa a secretaria.
A Seduc destaca investir em espaços pedagógicos como o Centro de Educação Infantil (CEI), estrutura que pode atender até 208 crianças. “Até o momento, foram inaugurados 97 CEIs em todo o estado. A meta é que os 184 municípios contem com CEIs entregues ou em construção até final de 2022”, adianta.
Fonte: O Povo.