Terceira idade e saúde bucal
De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE, 32% dos brasileiros terão mais de 60 anos até 2060.
Os dados apontados pelo Instituto (IBGE) mostram o quanto é importante ter um olhar atento à saúde dos idosos, que sofrem mudanças naturais no corpo, com o envelhecimento. O Conselho Federal de Odontologia alerta para os cuidados com a saúde bucal do idoso e seus tratamentos específicos, pois com o decorrer dos anos podem surgir problemas bucais, como o câncer, xerostomia (boca seca) e lesões na mucosa bucal.
Com os cuidados necessários e um acompanhamento médico é possível retardar todos esses problemas que surgem de forma natural ao longo dos anos. Afinal, ter a saúde em dia é fundamental, e cuidar do sorriso, que é o cartão postal do nosso corpo, é essencial não apenas para a estética, mas também para a autoestima e bem estar do ser humano.
Um exemplo é o da artesã Maria Lucineide Barbosa (57), que sofreu muito com a perda dos dentes e, desde então, não consegue mais sorrir para as fotos em família, por vergonha e medo de ser criticada.
“Eu não me importava muito com minha saúde bucal, tinha muito medo de ir ao dentista, e não ligava para escovar muito meus dentes. Eu só pensava em trabalhar e achava que isso era vaidade e que eu poderia resolver depois, mas com o passar do tempo eu fui perdendo os meus dentes e isso me deixou muito mal, minha alegria desapareceu, hoje eu só consigo rir de algo se não tiver ninguém por perto. Tenho vergonha”, relata.
O tipo de problema enfrentado por Lucineide atinge 75% da população idosa no Brasil, que são desdentados, segundo dados do Ministério da Saúde. Com isso, as relações familiares e sociais são afetadas, pela queda na autoestima, gerada pela falta da saúde bucal. Diante desse cenário, é importante lembrar que é possível sim, chegar na velhice com um sorriso bonito e saudável.
A importância da higiene oral deve ser levada em conta, desde a dentição decídua ( dentes de leite), e não deve ser negligenciada até a fase idosa. Em cada período da vida passamos pela propensão de adquirir doenças bucais específicas. “Após a fase adulta há mudanças hormonais e distúrbios endógenos, como da glicemia no sangue, que favorecem a perda de tecidos ósseos. Casos de osteoporose também se iniciam nesta fase e também podem afetar a estabilidade dos dentes”, explica médico Rodrigo Nery Furlani, mestre especialista em implantes dentários.
Furlani adianta que “a higiene dos dentes deve ser feita, após as refeições, utilizando uma escova de dentes de tamanho adequado, com cerdas macias ou extra macias e creme dental com flúor. É importante não esquecer de higienizar a língua. Pode ser feita com a própria escova de dentes, em movimentos cuidadosos, partindo da parte interna até a ponta da língua”, pontua.
“O uso do fio dental, entre todos os dentes, é indispensável, por ser o local de maior dificuldade de higienização e onde geralmente se fixam alimentos. Manter uma alimentação saudável, também ajuda a garantir a saúde da boca. A ingestão de uma boa quantidade de água ajuda na produção de saliva, a qual tem um papel importante na limpeza da cavidade oral e neutralização da acidez produzida pelos alimentos, além de fazer parte da degradação enzimática de alguns produtos e gerar um conforto maior a quem faz uso de próteses”, lembra.
Também é importante estar atento a possíveis lesões na boca, observando regularmente se existe alguma alteração nos lábios, bochechas, gengivas, céu da boca, garganta ou na língua. Se a pessoa utiliza prótese dentária, de seguir rigorosamente as instruções do seu dentista para higienizá-la corretamente. Se a prótese for removível, deve-se higienizar os dentes sem a prótese na boca”, destaca o dr. Rodrigo.