Balão robótico pode ser usado na exploração a Vênus
A iniciativa seria útil para criar uma imagem mais detalhada da atmosfera de Vênus, além de tentar compreender características misteriosas do planeta, informam os cientistas.
Coberto por uma espessa camada de nuvens de dióxido de carbono, Vênus apresenta uma das temperaturas mais escaldantes de todo o Sistema Solar. O planeta é tão quente, que todas as espaçonaves que a humanidade já enviou para estudá-lo de perto foram, basicamente, derretidas e pulverizadas.
Para sobreviver às condições ‘infernais’ de Vênus, qualquer equipamento projetado para visitá-lo deve ser composto por materiais capazes de suportar pressões atmosféricas esmagadoras — semelhantes às pressões a quase 2 km abaixo do nível do mar aqui na Terra— e suportar a chuva de ácido sulfúrico que desaba sobre o segundo planeta mais próximo do Sol (gotículas tão altamente concentradas que poderiam, facilmente, abrir buracos na pele de uma pessoa).
Uma solução para isso pode estar em um novo conceito de missão espacial que poderia permitir que os cientistas explorem Vênus como nunca antes — tudo, sem nem tocar no solo do planeta hostil. A ideia envolve emparelhar um pequeno satélite com um balão robótico aéreo (ou aerobot), de pouco mais de 10 metros de diâmetro.
Embora Vênus seja frequentemente chamado de “irmão gêmeo” da Terra, devido às suas semelhanças em tamanho e estrutura, “os dois não poderiam ser mais diferentes. Nosso planeta é um mundo repleto de vida, enquanto Vênus poderia escaldar qualquer chance que tivesse de organismos vivos. Assim, podemos dizer que ele é nosso planeta irmão sim, mas não gêmeo, definitivamente”, reforçam os cientistas do projeto.
Mantendo-se no alto nos níveis superiores da atmosfera de Vênus, o orbitador usaria os poderosos ventos do planeta para circunavegá-lo, fazendo medições científicas constantes do planeta. Esses experimentos iriam desde a análise das composições químicas de suas nuvens até o monitoramento da atmosfera para ondas acústicas que poderiam dizer aos cientistas mais sobre os terremotos venusianos.
Paul Byrne, professor associado da Universidade de Washington em St. Louis e colaborador científico de longa data no conceito, está entusiasmado com essa possibilidade. Ele diz que um orbitador equipado com um balão poderia potencialmente operar por vários meses terrestres — uma grande evolução em relação a outras tentativas de explorar nosso vizinho mais próximo.
“Conforme o aerobot for se deslocando pelo céu venusiano, ele se moverá mais alto à medida que for transportado para o norte pelos ventos predominantes do planeta, o que significa que não apenas cobriremos uma enorme quantidade de área, como também seremos capazes de entender como é a atmosfera em diferentes momentos do dia”, explicou Byrne ao site Popular Science.
Segundo o cientista, coletar dados em diferentes momentos seria útil para criar uma imagem mais detalhada da atmosfera de Vênus, além de tentar compreender características misteriosas do planeta como a falta de um campo magnético intrínseco.
Fonte: Olhar Digital.