Cidades do Ceará brigam na Justiça para aumentar salário de prefeitos, vereadores e secretários
Leis foram aprovadas nas Câmaras Municipais no final de 2020, período crítico da pandemia de Covid-19.
Ao menos dez cidades cearenses lutam na Justiça para aumentar os salários de prefeitos, secretários ou vereadores. Todos os reajustes foram aprovados ainda no final de 2020 nas Câmaras Municipais em pleno decreto estadual de calamidade pública por causa da pandemia da Covid-19 – um dos momentos mais críticos da crise sanitária.
Essa “batalha judicial” se dá, porque esses aumentos de remuneração estão suspensos por decisão liminar em quatro municípios. Uma série de ações populares aponta a ilegalidade do reajuste aprovado pelos vereadores. Em outras seis cidades a contestação aguarda julgamento do Poder Judiciário.
Os reajustes na remuneração foram suspensos, por meio de liminar nos municípios de Alcântaras, Frecheirinha, Massapê e Varjota. Ainda aguardam a decisão sobre a suspensão ou não do aumento as cidades de Alto Santo, Barro, Itaitinga, Limoeiro do Norte, Maracanaú e Marco.
Em Maracanaú e Itaitinga, por exemplo, além do reajuste aprovado para prefeito, vice-prefeito, secretários e vereadores, os parlamentares também implementaram a possibilidade do 13º salário.
Em Viçosa do Ceará já não há mais recurso judicial, e a tentativa de criar o 13º salário para vereadores durante estado de calamidade pública foi derrubada na Justiça em definitivo.
O esforço para barrar os aumentos foi embasado na Lei Complementar 173, de âmbito nacional, que estabeleceu regras de enfrentamento à crise sanitária. A norma vedou o aumento de despesa durante o período de emergência sanitária.
Outro agravante apontado pelas ações populares movidas contra prefeituras e Casas Legislativas é que esses reajustes foram aprovados com menos de 180 dias para o fim dos mandatos eletivos.
“A Lei de Responsabilidade Fiscal, no artigo 21, proíbe o aumento de despesa nesse período”, ressalta o professor e advogado Adrian Márcio, autor dos pedidos de liminar contra o aumento de salário dos políticos.
Os aumentos de salários foram aprovados por vereadores em um dos momentos mais críticos da crise sanitária no estado. As situações são de ‘Julgado nulo’, onde não cabe mais recurso, que é o caso de Viçosa do Ceará; também foram suspensos por liminares, caso de Alcântaras, Frecheirinha, Massapê (suspenso só para presidente da Câmara) e Varjota; e aguardando decisão da Justiça, caso de Alto Santo, Barro, Itaitinga, Limoeiro do Norte, Maracanaú e Marco.
Em Alcântaras, a ação popular pede a suspensão do aumento do salário do prefeito, vice, secretários e vereadores. A Justiça deu parecer favorável e suspendeu esses pagamentos temporariamente. Os reajustes dos parlamentares seriam de R$ 6.485 para R$ 7.500. Já o presidente da Câmara deixaria de receber R$ 8.500 mensais, para R$ 9.500 por mês.
O salário do prefeito sairia de R$ 10,2 mil para R$ 12 mil (17,5%), e o dos secretários, que é de R$ 7.140, seria de R$ 8.400. Como fundamento principal, a Câmara de Alcântaras alega que, antes da abertura do processo, já havia sido aprovada uma resolução que estabelecia que os pagamentos referentes aos aumentos não seriam realizados em 2021.
Em Varjota a ação popular é contra o aumento de salário de vereadores, proposto e aprovado pelos próprios parlamentares em 2020. A liminar foi concedida pela Justiça em 30 de julho de 2021 cabe recurso. Em vigor, os salários dos vereadores subiriam de R$ 6 mil para R$ 7.400 e o do presidente saltaria de R$ 8.360 para R$ 9 mil.
Na defesa apresentada, os advogados da Câmara justificam que “os subsídios dos vereadores estão obedecendo à legislação vigente, bem como a previsão de gastos com Folha de Pagamento, o qual irá representar, no máximo, 58,77% do valor previsto”.
Os vereadores no município de Massapê tentaram aumentar a remuneração de R$ 6.012 para R$ 7.596,67, um acréscimo de cerca de 26%. Para o presidente da Câmara, o salário subiria de R$ 8.360,00 para R$ 9.875,68.
O texto havia sido aprovado no Legislativo Municipal ainda em novembro de 2019, e fixava o subsídio dos vereadores tendo como base a remuneração de um deputado estadual. A defesa questiona a decisão judicial e alega que as alterações previstas no decreto legislativo aprovado são constitucionais.
A ação popular em Frecheirinha é contra o aumento do salário do prefeito, vice-prefeito, secretário e vereadores. Uma liminar suspendendo os novos valores foi concedida no último dia 28 de setembro. O salário de vereador, sairia de R$ 6 mil para R$ 7 mil. O presidente com salário de R$ 7.500 passaria a receber R$ 9.500. O prefeito saltaria de um salário de R$ 15 mil para R$ 17.500. O vice-prefeito de R$ 7.500 para R$ 9.500 e secretários de R$ 4.500 até R$ 7 mil.
Fonte: PortalGCMais.