Salário médio volta a subir, com queda da inflação e do desemprego
Pela primeira vez, desde junho de 2020, a renda cresceu tanto na comparação trimestral como na anual, segundo dados do IBGE.
Com a queda da inflação e da taxa do desemprego nos últimos meses, o salário médio do brasileiro voltou a subir. O impacto da redução de preços aponta mudança na trajetória da renda do trabalhador, que vinha sofrendo um achatamento desde a retomada das atividades presenciais.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o salário médio alcançou R$ 2.737 no trimestre de julho a setembro de 2022. Pela primeira vez desde junho de 2020, o rendimento dos brasileiros aumentou tanto na comparação trimestral (3,7%) quanto na anual (2,5%). Já a massa de rendimento real habitual (R$ 266,7 bilhões) cresceu 4,8% frente ao trimestre anterior e 9,9% na comparação anual.
“O crescimento do rendimento real está relacionado à redução da inflação, que tem proporcionado ganhos reais aos profissionais”, afirma Adriana Beringuy, coordenadora da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), que foi divulgada nesta quinta-feira (27).
A renda começou a cair mais intensamente no terceiro trimestre de 2021. A partir do fim do primeiro trimestre deste ano, começou a reagir e, agora, retomou o patamar do ano anterior. “O rendimento nominal, que não desconta a inflação, já vinha crescendo em 2022, enquanto o real estava registrando queda. Uma vez que há uma retração da inflação, passa-se a ter registros de crescimento no rendimento real”, avalia a pesquisadora.
De acordo com a PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), o desemprego chegou a 8,7% no trimestre encerrado em setembro. O percentual é o menor apurado desde julho de 2015 (8,4%). Com o recuo de 0,6 ponto percentual da taxa de desocupação, a quantidade de profissionais ainda fora da força de trabalho equivale a 9,5 milhões de pessoas, o menor volume desde o trimestre finalizado em dezembro de 2015.
O Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (caged), do Ministério do Trabalho e Previdência, também apresentou resultado positivo pelo nono mês seguido no mercado formal de trabalho. Segundo os dados de setembro, o Brasil abriu 278.085 vagas de trabalho com carteira assinada.
Para o economista André Braz, coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), esse movimento deverá ser mantido.
“Esse impulso deve continuar crescendo, até porque nessa fase final do ano há normalmente geração de muito emprego e renda temporários. A economia fica mais aquecida nesta época do ano e vai pegar esse embalo. Não vejo chances de surpreender negativamente, mostrar uma retração. Exatamente porque a sazonalidade vai ajudar um pouco nesta reta final de 2022”, afirma Braz.
Vários segmentos da economia tiveram um alívio grande nos custos, mas a demanda acaba sustentando a alta de preço. “A própria redução do ICMS diminuiu muito os custos da grande indústria, tanto na parte da energia elétrica quanto na parte de combustíveis fósseis. A gente poderia esperar dessa redução preços de bens e serviços um pouco mais baixos. Há até um recuo na inflação, mas esse recuo é sustentado pontualmente pelo que reduziu de ICMS.”
Entre os setores analisados, houve aumento do rendimento médio real habitual na agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (10,7%, ou mais R$ 179), indústria (3,4%, ou mais R$ 87), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (4,4%, ou mais R$ 96), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (3,8%, ou mais R$ 144) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,5%, ou mais R$ 91).
Fonte: R7.