PF prevê tragédia na posse de Lula

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Se o silêncio de Bolsonaro não ajuda, tampouco o discurso ressentido de Lula serve para pacificar a sociedade. Os extremos tendem a se tocar do Alvorada ao entardecer, ameaçando enfear o lindo céu de verão de Brasília. Se o reconhecimento da derrota é gesto de nobreza, a arrogância do vitorioso é o seu avesso.

O confronto entre os dois grupos adversários no dia da posse presidencial preocupa as autoridades. A Polícia Federal acredita que pode haver uma tragédia em possível confronto de caravanas petistas com os acampados em frente ao QG do Exército. A postura dos dois líderes não contribui para a pacificação. As falas do indicado para o Ministério da Justiça tocam fogo no paiol.

Lula, cuja fala na diplomação gotejava cada pingo num pote até aqui de mágoa, é parâmetro para o autoritarismo reacionário do indicado para ministro da Justiça. O Dino fala de coisa do passado, o cheiro de naftalina exalando nas ameaças de repressão aos movimentos populares. Repete a dicção dos regimes de exceção que não aceitam o pensamento diverso.

Oriundo do comunismo stalinista, o filhote da família Sauro, esbraveja. O que não está do seu lado é taxado de golpista (lembram do PIG?), da mesma forma como eram chamados de subversivo os que ousavam levantar a voz contra o regime militar. É tudo igualzinho, só que com o sinal trocado. Por falar em comunismo, seus seguidores não podem ser chamados de democratas. Eles defendem a ditadura do proletariado contra a democracia burguesa.

A manifestação popular, como expressão da liberdade de pensamento, assim como a liberdade de imprensa, são moedas de grande valor nas democracias, é puro ouro, Os esquerdistas exercem o ofício inverso ao dos alquimistas. Transformam o ouro dessas liberdades em opressão, em cerceamento, em temor generalizado. O cinismo é dizer que fazem isso em defesa da democracia.

Quem segue Marx, por óbvia coerência conceitual, não pode se apresentar como democrático. Seria hipocrisia. Platão, embora nascido no mesmo berço da democracia, também não pode ser aclamado como democrático. Todos pensam num projeto de poder em que o povo não passa de fetiche e escudo para suas aberrações ideológicas.

Lula deixou respingar suas mágoas ao dizer que venceu Bolsonaro nas urnas, mas que precisa vencer o bolsonarismo nas ruas. Estaria pensando em enfrentamento físico, em barricadas? Ao dizer que quem não votou nele é antidemocrático, mostrou que de estadista é só um arremedo.

Se o derrotado desconhece o seu papel no processo do escrutínio popular, cabe ao vencedor não só as batatas que estão a assar na economia, é imperativo conciliar seus cidadãos e governar em nome de todos, e não apenas para uma tal frente ampla, e, muito menos, para a bolha ressentida, e cada vez minguante, em que se transformou o PT.

Ou faz isso ou não terá paz para governar. Será um governo de guerra interna, com tantos inimigos a enfrentar além da fronteira. Ai de nós, se tudo der errado. Podemos até torcer para que o sol se faça, mas é bom tirar a roupa do varal quando o tempo fecha com prenúncio de tempestades.

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