Governo do Ceará quer construir adutoras contra escassez
Governador revela plano de interligar municípios afetados pela seca em uma grande rede de canalização de água capaz de garantir o abastecimento regular o ano inteiro.
Chuvas irregulares, em pouca quantidade e com baixa intensidade. São essas as causas de um problema comum a milhares de cearenses: a insegurança hídrica. A falta d’água atinge especialmente municípios do Sertão Central e Inhamuns, no Interior do Estado. É um desafio histórico com o qual os governantes, pesquisadores e estudiosos do clima lidam há anos no Ceará.
O recém-empossado governador Elmano de Freitas (PT) aponta a construção de uma rede de adutoras como principal alternativa para a solução do quadro de escassez. Em entrevista, ele detalhou a ideia de que os municípios mais afetados pela seca sejam interligados em um grande sistema de canalização de água capaz de garantir abastecimento regular o ano inteiro.
“Da mesma maneira que o Ceará hoje tem uma malha viária que interliga praticamente todos os municípios, precisamos ter uma ligação via adutoras com vinculação aos grandes reservatórios que construímos e alguns que ainda queremos construir para que em períodos de seca essas cidades não tenham colapso de água”, explicou Elmano.
O plano consiste em realizar captação de água diretamente nos mananciais com maior disponibilidade hídrica no Estado e assim prover o abastecimento dos municípios mais afetados pela estiagem. Até o fim de 2022, cerca de 20 cidades cearenses estavam sob decreto de emergência federal por causa da seca.
Nessas localidades, há moradores que não têm nenhuma fonte de abastecimento que não seja a água distribuída pela Operação Carro-Pipa, executada pelo Exército em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
A rede de adutoras, na visão do governador, acabaria de vez com a insegurança hídrica em todas as regiões do Estado. Para tirar a ideia do papel, ele calcula investimentos na ordem dos R$ 700 milhões. “O nosso grande desafio nessa área é garantir uma sinergia com o Governo Federal para garantir esses recursos de que o Ceará precisa”, assinalou o chefe do Executivo.
Além de suprir o abastecimento hídrico dos municípios que convivem com a seca, o sistema de adutoras impactaria diretamente no potencial produtivo das localidades, uma vez que os reservatórios hoje utilizados para atender as necessidades humanas poderiam disponibilizar os aportes acumulados para a atividade produtiva, estimulando a agricultura e pecuária.
Após oito anos sendo chefiada pelo mestre em recursos hídricos Francisco Teixeira, a Secretaria dos Recursos Hídricos do Ceará (SRH) passou ao comando do deputado federal Robério Monteiro (PDT) no novo governo. Teixeira estava no posto desde 2015, sendo nomeado pelo ex-governador Camilo Santana (PT) e mantido pela sucessora, Izolda Cela (sem partido).
O ex-secretário é funcionário de carreira da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh) e considerado um dos principais especialistas na área. O nome escolhido por Elmano não tem nenhuma experiência técnica relacionada à pasta, mas o governador aponta que o componente político da nomeação também precisa ser considerado.
“O deputado Roberto foi um dos melhores prefeitos que o Ceará já teve, no município de Itarema, e eu tenho absoluta confiança na capacidade dele. Além disso, a equipe técnica da Cogerh e da Sohidra (Superintendência de Obras Hidráulicas) será mantida”, comentou o governador.