Torcedor do Vitória comete injúria racial e compara Kayky a macaco em rede social; Bahia presta queixa
O futebol baiano viveu mais um caso de injúria racial em menos de uma semana. Na noite desta segunda-feira, um torcedor do Vitória publicou em uma rede social uma comparação do atacante Kayky, do Bahia, a um macaco. Após a repercussão negativa, a postagem foi apagada.
O Bahia repudiou o ato e informou que, além de denunciar a conta na rede social, prestou uma queixa na Polícia Civil.
No post, o torcedor publicou uma foto da comemoração de Kayky, que imitou uma galinha após o gol marcado no clássico do último domingo. Logo abaixo, ele acrescentou a uma imagem de um macaco, fazendo uma comparação racista entre as duas fotos.
A comemoração de Kayky havia feito alusão ao Ba-Vi de 2018, que terminou após uma confusão generalizada que deixou o Rubro-Negro com uma quantidade de jogadores inferior ao mínimo permitido em campo. A partida foi encerrada com uma vitória tricolor por W.O., e, desde então, a galinha tem sido usada em provocações da torcida do Bahia.
O Bahia se manifestou na manhã desta terça e informou que registrou a ocorrência.
- Racismo e injúria racial são crimes imprescritíveis e inafiançáveis. Fizemos a denúncia junto ao Twitter e a mensagem de ódio de um torcedor adversário foi apagada – mas o print é eterno. Conta igualmente denunciada e boletim de ocorrência realizado junto à Polícia Civil da Bahia – diz a publicação do Bahia.
Segundo caso em uma semana
A injúria racial cometida contra Kayky é a segunda em menos de uma semana no Campeonato Baiano. Na última quinta-feira, quando Vitória e Doce Mel se enfrentaram no Barradão, o goleiro do time visitante, Rodolfo, foi alvo de xingamentos discriminatórios. Pelo vídeo da transmissão da partida, realizada pela TVE, é possível identificar o momento do crime (veja no vídeo abaixo).
- Seu macaco v*** – diz o torcedor enquanto o goleiro se prepara para recomeçar a partida.
No dia seguinte ao caso, o Vitória publicou uma nota de repúdio ao ocorrido no Barradão e disse trabalhar para identificar o criminoso. Até o momento, o clube não divulgou se teve sucesso na investigação.
Mudança na lei
No começo deste ano, o presidente Lula sancionou uma lei que equipara o crime de injúria racial ao de racismo. Com a nova lei, punição para a injúria passa a ser prisão de 2 a 5 anos. Ainda, segundo a proposta, o crime de racismo realizado dentro dos estádios terá também pena de dois a cinco anos. Isso valerá no contexto de atividades esportivas, religiosas, artísticas ou culturais. O texto proíbe ainda a pessoa que cometer o crime em estádios ou teatros, por exemplo, de frequentar por três anos este tipo de local.
Em entrevista que foi ao ar no Globo Esporte no mês de janeiro, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, disse que devem ser adotadas medidas mais duras nesses casos.
A gente sabe que isso não vai acabar se não for com medidas bem eficazes. Apenas a questão de uma multa, que depois paga e acabou, e na semana que vem, novamente, tem o mesmo problema, eu acho que quando pune, provando realmente que aconteceu naquele estádio, que o torcedor é daquele clube, eu acho sim que tem que tirar pontos e tem que tirar também mando de campo – afirmou Ednaldo Rodrigues.
Fonte- GE