Atleta conquista vaga para o IronMan em meio a tratamento de câncer

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A corretora de imóveis Andreia Legramente, de 50 anos, disputará a competição em outubro, no Havaí; ela teve um tumor neuroendócrino.

A celebração de 50 anos de uma corretora de imóveis goiana teve um significado especial, após a conquista de um grande objetivo no mundo esportivo. Mesmo em meio ao tratamento de um tumor neuroendócrino, Andreia Legramente, superou todas as barreiras físicas e psicológicas e conseguiu uma classificação inédita para o mundial IronMan, que será disputado no Havaí, no próximo mês de outubro.

A história de inspiração e superação da profissional, se deu através da força do esporte e da obstinação em realizar uma das provas de resistência mais desafiadoras do mundo. Ela fala sobre sua trajetória até o momento e a expectativa para a viagem.

Praticante de triathlon há mais de 20 anos e competidora de provas longas há mais de 10, Andreia decidiu se inscrever pela segunda vez no IronMan para comemorar o aniversário de 50 anos. Ela já havia feito esta prova em 2012, mas sem pretensão de uma classificação para o mundial. “Naquele ano, o objetivo era testar meus limites, um novo desafio. Mas, neste ano, eu queria mesmo ir para o mundial porque estava mais preparada”, conta.

Durante a preparação para a prova classificatória, que começou em fevereiro, ela começou a se sentir mal, ela contou que sentiu fortes dores abdominais e febre alta, o que a levou ao hospital de forma emergencial. Na ocasião, ela foi submetida a uma cirurgia de urgência por suspeita de apendicite, no entanto, o resultado foi chocante para a corretora de imóveis.

“Os médicos falam que sou um milagre de Deus. Eu estava com um quadro infeccioso grave, quando me abriram, viram pus até no fígado, no entanto, o apêndice tinha uma aparência normal. Uma outra médica que acompanhou a cirurgia, chegou a cogitar não retirá-lo, mas o meu médico insistiu e, após a biópsia, foi identificado um tumor raríssimo, que, geralmente, só é descoberto em casos já bastante avançados”, relatou ela.


“Antes do diagnóstico, eu fiquei muito chateada por, inicialmente, ter passado por uma cirurgia que não tinha necessidade, fiquei sem entender aquele processo, estava com medo de não conseguir fazer a prova para a qual estava me dedicando. Quando retornou ao médico com o resultado dos exames, ele não sabia que dar a notícia e foi muito chocante”, completa Andreia.

Segundo Andreia, ela recebeu um recado de Deus, que foi a garantia da calma e da força que precisava naquele momento. “Eu estava inconformada com a situação, em mudar a periodização dos treinos, que já estavam programados, estava sendo acompanhada por diversos profissionais, mas um dia eu ouvi uma voz muito nítida: ‘tinha que ser agora, se não fosse, não daria tempo’. Foi Deus que falou comigo”.

“Quando o médico me disse o resultado da biópsia, ele usou exatamente as mesmas palavras que a voz havia me dito e, foi nesse momento, que a minha ficha caiu. Eu estava com um tumor maligno, pensando só na prova, e o recado de Deus foi a respeito do câncer e não da competição”, contou ela, emocionada.

Após a cirurgia, que aconteceu cerca de 60 dias antes da prova classificatória, em Florianópolis (SC), no último mês de maio, Andreia fez um tratamento específico com antibióticos e outros medicamentos e, segundo ela, “Graças a Deus”, não foi necessário quimioterapia e radioterapia, pois o tumor foi descoberto em fase inicial.

Os treinos foram adaptados para o momento e Andreia começou a treinar cerca de 15 dias depois da cirurgia. Ela teve apoio do médico oncologista, psicológico e também suporte nutricional.

No final de maio, Andreia foi para Florianópolis participar, finalmente, da edição nacional do IronMan, que era classificatória para a edição mundial da competição. E eis a surpresa.

Concorrendo com dois mil competidores, a atleta fez a prova em 11 horas, 28 minutos e 59 segundos e conquistou o quarto lugar em sua categoria, garantindo uma vaga para o IronMan Mundial. “Eu não esperava mais este resultado. Foi um grande presente”, comemora.

“Eu virei um canhão, com foco na competição. O IronMan para mim foi uma salvação. O psicológico da gente fica muito abalado, diante de uma notícia dessa a primeira coisa é pensar na morte. Mas aquilo não me pertencia. Qualquer esporte que você pratica, te da disciplina, foco e força, e o trialton é muito mais do que isso.

Acho que a gente não deve se entregar a doença, seja câncer ou qualquer outra, mas foi o esporte que me ajudou:”, revela a atleta que segue agora para a etapa mundial, onde os competidores têm que nadar 3,8 km, pedalar 180km e fazer uma maratona de 42,195 km, no tempo máximo de 17 horas.

Sobre a expectativa, ela fala que só a participação na competição já é uma vitória. “Conseguir a vaga é o sonho de todo atleta, é muito difícil conseguir esse índice, é preciso pegar pódio e isso não me passava pela cabeça.

São várias seletivas, a prova do Brasil recebe competidores do mundo todo em busca da classificação. Então tenho que treinar para terminar a prova, é muito difícil, uma metragem desafiadora, 12h de prova sem parar, com condições climáticas complicadas, pois é uma região vulcânica, ou seja, muito calor, umidades, vento”, afirma.

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