Jovem de Sobral busca na Justiça direito de fazer exames e cirurgia
Há cerca de 7 anos, o jovem Francisco Micael Santos Vasconcelos (17) teve sua vida mudada, ao se envolver em um acidente, durante o recreio, no Colégio José Parente Prado, onde estudava, no Bairro Sumaré, onde mora com a avó, sua tutora, Lúcia Garcia de Sousa (61). Durante uma brincadeira, Micael foi empurrado sobre cadeiras e outros materiais pontiagudos, amontoados em um local do prédio. Segundo a avó, o menino foi levado, desacordado, pela direção da instituição para o Posto de Saúde do Bairro e, de lá, foi conduzido, já pela avó, para a Santa Casa de Sobral. Micael passou por cirurgia urgente para a retirada do baço. Um tempo depois, voltou a ser operado, dessa vez, dos rins. Mas, até hoje, o rapaz sofre de fortes dores pelo corpo, além de sangramentos.
À época, Dona Lúcia fez um Boletim de Ocorrência, e começou uma verdadeira Via Crucis, em busca de medicamentos para o tratamento da criança, e uma nova cirurgia. A primeira operação e a medicação necessária ao tratamento foram realizadas com apoio do Município, em outra gestão, afirma Dona Lúcia. De acordo com exames, por conta do acidente, Micael teve traumatismo de órgãos abdominais internos; anemia grave; sofre de insuficiência renal aguda, além de ser vítima de síndrome de quebra-nozes, situação em que a pessoa sofre com a compressão da veia renal esquerda, entre a artéria superior e a aorta abdominal. O quadro do rapaz, que também perdeu parte da visão do olho esquerdo, apresenta sangue na urina e possíveis dores na pelve ou no lado direito do corpo. Esse resultado foi confirmado na última tomografia realizada em maio deste ano, no Hospital Albert Sabin, em Fortaleza.
Sem poder arcar com os custos, Dona Lúcia novamente buscou a Secretaria de Saúde do Município, mas dessa vez, não conseguiu ajuda para a aquisição da medicação, cara, e da nova cirurgia. Como não obteve resposta, recorreu à Defensoria Pública da União. A ação intima o Estado e o Município de Sobral a repassarem a medicação e a realizarem a cirurgia, que segundo os autos, podem ser realizadas pelo SUS, de acordo com o Estado e o Município. “Os requeridos deverão, no prazo máximo de dez dias, providenciarem a realização dos exames deferidos, seja na Santa Casa de Sobral, seja no Hospital Regional Norte, sob pena de multa diária de R$ 500”. A ordem dada pelo juiz Federal Substituto da 31* Vara da Seção Judiciária do Ceará (SJCE), Emanuel José Matias Guerra, que também determina a realização da cirurgia, passou a vigorar no dia 25 de junho deste ano. Mas, nenhuma das entidades citadas (Estado e Município) acatou a determinação, até agora.
“Eu só quero o direito do meu neto de ter saúde. Por isso, eu não desisto de ir atrás dos direitos dele. Meu medo é morrer e deixar meu neto sem uma definição. Os remédios são de alto custo, a operação é cara; nós não temos condições. O posto de saúde não dá essa medicação, e o Micael sofre muito com as dores. O sacrifício tem sido grande para manter o pouco de saúde que ele tem”, explica a senhora, com lágrimas nos olhos. A equipe do Jornal Sobral Post procurou ouvir a Secretaria de Saúde sobre a situação do jovem; e, segundo a assessoria de imprensa do órgão, o secretário Gerardo Cristino não se pronunciará sobre o caso.