Vacinação contra o sarampo salvou milhões de vidas, mas doença ainda é ameaça
De acordo com a Opas o sarampo na década de 1970 era responsável por mais de 2,6 milhões de óbitos por ano no mundo
O sarampo é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus, que pode levar à morte ou a sequelas como pneumonia e surdez. Antes da introdução da vacina, no final da década de 1970, o sarampo era responsável por mais de 2,6 milhões de óbitos por ano no mundo, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Graças à imunização, esse número caiu para cerca de 110 mil em 2017, uma redução de 96%.
No Brasil, a vacinação contra o sarampo faz parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que completa 50 anos em 2023. O país adota duas vacinas que protegem contra o sarampo: a tríplice viral e a tetra viral. A primeira é aplicada aos 12 meses de idade e previne também caxumba e rubéola. A segunda é dada aos 15 meses e inclui ainda a varicela, causadora da catapora e da herpes zoster.
A vacinação foi tão eficaz que o Brasil recebeu, em 2016, o certificado de eliminação do sarampo pela Opas, juntamente com todo o continente americano. No entanto, a doença voltou a circular no país em 2018, devido à baixa cobertura vacinal e à importação de casos de outros países. Desde então, mais de 28 mil casos e 30 mortes foram confirmados pelo Ministério da Saúde.
O médico Guido Levi, integrante da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações do Estado de São Paulo, testemunhou a mudança de cenário provocada pelas vacinas. Ele conta que, nos anos 1980, atendia muitas crianças com sarampo em um hospital infantil em São Paulo, e que muitas delas morriam ou ficavam com sequelas. Já nos anos 2000, ele teve que diagnosticar um caso de sarampo em uma criança que havia sido internada com febre e manchas na pele, mas que nenhum exame conseguia identificar a causa.
“Eu falei: ‘Isso é sarampo’. Os residentes ficaram muito desconfiados, porque nunca tinham visto sarampo”, lembra Levi. Ele explica que o sucesso da imunização fez com que muitas pessoas e até médicos esquecessem que o sarampo é uma doença grave e letal. “O sarampo era uma das doenças mais graves que acometiam a infância e uma das que causavam maior mortalidade”, afirma.
Para evitar que o sarampo volte a ser uma ameaça à saúde pública, é preciso manter a cobertura vacinal alta, acima de 95%, segundo a Opas. A organização alerta que o sarampo ainda circula em várias partes do mundo e que pode ser reintroduzido em países livres da doença por meio de viajantes infectados. Por isso, é importante que todas as pessoas estejam com a vacinação em dia e que os profissionais de saúde estejam atentos aos sinais e sintomas da doença.