O jeito errado de fazer segurança pública
A questão da segurança é um dos grandes temas eleitorais, cercado por acalorados embates ideológicos. Na prática, as políticas públicas têm se demonstrado insuficientes para romper com esse histórico violento. Há estudos que têm apontado a redução do número de homicídios desde 2018 no Brasil. Por outro lado, cresce a cada ano a quantidade de estupros e crimes contra o patrimônio. No ano passado, o país registrou o maior número de estupros da série histórica, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
A sensação de insegurança é sustentada pela impunidade e pelas falhas na prevenção ostensiva do crime. No pano de fundo da violência se encontra o crime organizado, que lança mão de diversas práticas para encher os cofres das facções. Essa rede criminosa drena recursos e esforços inestimáveis para o desenvolvimento brasileiro, sem falar nas vidas que rouba violentamente, seja nos assassinatos que comete, seja cooptando agressivamente milhares de jovens. Andar na rua em paz é o mínimo que se espera em uma sociedade que assegura o direito à liberdade aos indivíduos. A confiança da população no sistema de segurança virá não de medidas isoladas e com fundo eleitoreiro, mas de um amplo projeto nacional nas frentes jurídicas, policiais e sociais. Os projetos em evidência ainda se parecem, com praticados a partir da era medieval. É preciso que se atente para a criação e ampliação de sistemas inteligentes e penas disciplinares se contrapondo ao encarceramento, que em nada contribui para a reciclagem do ser, mas sim corrobora com seu modus animalesco e primata.
✒️Editorial Jornal Paraíso 22/09/2023