Um prato de inflação

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Um levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (Abbt) calculou em R$ 29,40 o custo médio de um prato feito no Brasil – dispensada qualquer bebida ou sobremesa de acompanhamento. Ou seja, um custo mensal de R$ 617,40. Praticamente metade de um salário mínimo, que é a renda que atualmente 34 milhões de brasileiros contam para sobreviver.
Ainda que a lei garanta ao trabalhador o direito ao vale-alimentação ou vale refeição, somente 45% deles recebem o benefício para custear a refeição fora de casa, segundo dados de 2022 do Instituto Locomotiva. O prato feito revela muito claramente que os índices de inflação que serve para orientar a macroeconomia e das decisões governamentais nem sempre retratam o que o trabalhador vive no seu dia a dia.
Também não se pode ignorar que, de acordo com o IBGE, quatro em cada dez trabalhadores atuam na informalidade, ou seja, um contingente de 38,9 milhões de pessoas que não são cobertos pelos benefícios e direitos inerentes às ocupações com carteira assinada.
Entre os fatores que ajudam a explicar essa inflação do prato feito, o principal deles, segundo a Abbt, são os custos e os prejuízos assumidos por bares e restaurantes durante a pandemia do coronavírus – cujos efeitos se prolongam até hoje.
A estimativa da Abrasel é que 300 mil estabelecimentos fecharam as portas no período e que, aqueles que conseguiram manter as portas abertas, o fizeram com um faturamento um terço mais baixo, enquanto os preços dos insumos subiam e o de clientes esvanecia.

✒️Editorial Jornal Paraíso 17/10/2023

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