Quase 77% das famílias brasileiras estão endividadas, aponta CNC

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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O percentual referente ao mês de novembro representa um recuo de 0,5% no número de endividados, em relação ao mês anterior

O endividamento das famílias brasileiras continua alto, mesmo com uma leve queda pelo quinto mês consecutivo. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta segunda-feira (4) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), cerca de 76,6% das famílias brasileiras têm dívidas a vencer em cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e da casa. O percentual referente ao mês de novembro representa um recuo de 0,5% no número de endividados, em relação ao mês anterior.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, atribui essa queda à melhora nas condições econômicas do país, que favorece os orçamentos domésticos. “O progresso do mercado de trabalho, mesmo em menor escala, com a maior contratação esperada neste período de fim de ano, vem indicando que menos pessoas estão recorrendo ao crédito, pois estão conseguindo arcar com as dívidas correntes”, comentou.

A pesquisa também mostrou uma redução no índice de famílias inadimplentes, que são aquelas que têm dívidas em atraso. Em novembro, esse índice ficou em 29%, o menor patamar desde junho de 2022, segundo o economista-chefe da CNC e responsável pela pesquisa, Felipe Tavares. Em outubro, o índice era de 29,7% e em novembro do ano passado, de 30,3%.

Outro dado positivo foi a diminuição do número de pessoas que relataram falta de condições para pagar dívidas de meses anteriores, que caiu de 13% em outubro para 12,5% em novembro. “A queda, embora ainda pequena, traz um importante indício de eficácia do programa Desenrola, que oferece condições especiais para a renegociação de dívidas”, avalia o economista.

No entanto, nem todas as faixas de renda apresentaram melhora no endividamento. A pesquisa revelou que a faixa de renda média, entre cinco e dez salários mínimos, teve alta do volume de pessoas endividadas, voltando aos níveis observados em novembro de 2022. Além disso, esse grupo registrou também a quarta elevação seguida de dívidas em atraso, chegando a 24,2%, o mais alto nível da série.

O maior percentual de dívidas em atraso (36,6%) ficou com os consumidores de baixa renda, com até três salários mínimos. Esses consumidores são os que têm maior probabilidade de não conseguir arcar com essas dívidas, representando 17,2%. “Agravando a situação de inadimplência, esses consumidores têm uma alta dependência de dívidas, comprometendo 31,9% de sua renda”, completou o economista.

O cartão de crédito ainda é o mais usado pelos endividados, e atingiu 87,7% do total de devedores, o que significou aumento significativo na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando ficou em 86,4%.

Houve avanços também no crédito consignado, de 0,5 ponto percentual (p.p.), e no financiamento imobiliário, de 0,4 ponto percentual. As outras modalidades perderam representatividade na carteira de crédito dos consumidores.

A Peic é uma pesquisa mensal realizada pela CNC com cerca de 18 mil consumidores em todas as capitais do país. O objetivo é acompanhar o nível de endividamento e inadimplência das famílias brasileiras, bem como sua percepção em relação à capacidade de pagamento.

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