Brasil enfrenta desafio de combater a desinformação e a hesitação vacinal

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Esse fenômeno, chamado de “hesitação vacinal”, tem sido alimentado por campanhas de desinformação e movimentos antivacina

A vacinação é uma das principais estratégias de prevenção e controle de doenças infecciosas, mas enfrenta a resistência de parte da população brasileira, que desconfia da eficácia e da segurança das vacinas. Esse fenômeno, chamado de “hesitação vacinal”, tem sido alimentado por campanhas de desinformação e movimentos antivacina, que se aproveitam das redes sociais para disseminar boatos e mentiras sobre a imunização.

Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a hesitação vacinal começou a ganhar força no Brasil por volta de 2016, em um contexto de restrições orçamentárias na área da saúde e de pouca disposição do governo anterior em estimular a imunização da população. Como consequência, a cobertura vacinal no país caiu nos últimos anos, colocando em risco a proteção coletiva contra doenças que já haviam sido eliminadas ou controladas.

Um exemplo disso foi a perda do certificado de eliminação do sarampo em 2019, devido à baixa procura pela vacina contra a doença. “Esse cenário foi agravado no último governo, já claramente com o fenômeno do negacionismo científico. É importante destacar que esse é um fenômeno que permanece”, disse Nísia, em seminário sobre vacinação na Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, no início de dezembro.

Para o diretor da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), Juarez Cunha, é fundamental que as autoridades de saúde e os profissionais de saúde informem a população sobre os benefícios e os riscos das vacinas, de forma transparente e baseada em evidências científicas. “Um aspecto fundamental é a confiança. Um dos aspectos que a gente sabe que foi muito abalado e continua sendo é a confiança nas vacinas. Não é só confiar naquele produto, na sua eficácia e na sua segurança. É um aspecto que deixa as pessoas com bastante dúvidas. Então, a gente tem que informar muito bem”, defende Cunha.

O diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, afirma que a hesitação vacinal não é um fenômeno exclusivo do Brasil, mas que se intensificou durante a pandemia da covid-19, que gerou uma corrida global por vacinas. Ele recomenda que os governos façam um monitoramento permanente das redes sociais e esclareçam imediatamente quaisquer boatos que surjam sobre a vacinação.

“Temos procurado estimular os países a ter monitoramento diário de redes sociais e não deixar nenhum boato, rumor, desinformação, sem uma resposta apropriada, porque isso é como uma bola de neve que vai crescendo e fazendo com que as pessoas percam a confiança na vacina”, alertou Barbosa no evento da Academia de Medicina.

Um agravante, segundo Barbosa, é que as pessoas estão mais céticas em relação às informações oficiais, o que torna ainda mais difícil o trabalho de desmistificação dos boatos em relação às vacinas. Ele defende que é preciso que as autoridades de saúde se comuniquem de forma clara, objetiva e empática com a população, respeitando as dúvidas e os medos das pessoas, mas mostrando a importância da vacinação para a saúde individual e coletiva.

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