Setor automotivo tem queda na produção e alta nas vendas
As exportações, por outro lado, tiveram uma forte retração de 16%, afetadas pela crise econômica e sanitária em alguns dos principais mercados do país
O setor automotivo brasileiro teve um ano de contrastes em 2023. De acordo com os dados divulgados pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de veículos caiu 1,9%, mas as vendas de veículos novos subiram 9,7% em relação a 2022. As exportações, por outro lado, tiveram uma forte retração de 16%, afetadas pela crise econômica e sanitária em alguns dos principais mercados do país.
A produção de veículos chegou a 2,36 milhões de unidades em 2023, uma queda de 1,9% em comparação com as 2,32 milhões de unidades produzidas em 2022. A maior parte da produção foi de automóveis comerciais leves, que somaram 2,2 milhões de unidades, um aumento de 1,3% em relação ao ano anterior. A produção de caminhões e ônibus, porém, teve quedas de 18,5% e 23,4%, respectivamente.
A queda na produção foi influenciada pela escassez de componentes, como semicondutores, que afetou a indústria global de veículos. Além disso, a pandemia de covid-19 também impactou a demanda e a oferta de veículos, gerando paralisações e atrasos nas fábricas e nas cadeias de suprimentos.
As vendas de veículos novos, por outro lado, tiveram um desempenho positivo em 2023, com 2,3 milhões de unidades emplacadas, um crescimento de 9,7% em relação às 2,1 milhões de unidades vendidas em 2022. O resultado foi impulsionado pela recuperação da economia brasileira, que registrou um crescimento de 3,5% no ano passado, segundo o IBGE. Além disso, a redução da taxa básica de juros, a Selic, para 4,5% ao ano, também favoreceu o crédito e o financiamento de veículos.
As vendas de automóveis comerciais leves foram as que mais cresceram, com 2,1 milhões de unidades vendidas, um aumento de 10,6% em relação a 2022. As vendas de caminhões e ônibus também tiveram altas de 4,8% e 3,2%, respectivamente.
As exportações de veículos, porém, tiveram uma queda expressiva de 16% em 2023, com 403,9 mil unidades comercializadas no mercado externo. Em 2022, esse número foi de 480,9 mil unidades. A queda foi causada pela diminuição de vendas em países como Argentina, Chile e Colômbia, que enfrentaram crises econômicas e políticas, além de restrições sanitárias por conta da pandemia. A Argentina, que é o principal destino das exportações brasileiras de veículos, reduziu suas compras em 16% em 2023.
Para 2024, a Anfavea estima que o setor automotivo brasileiro terá um ano de recuperação e crescimento, com altas nas vendas, na produção e nas exportações. A entidade projeta que as vendas de veículos novos aumentarão 6,1%, com 2,45 milhões de unidades, a produção de veículos crescerá 6,2%, com 2,47 milhões de unidades, e as exportações de veículos subirão 0,7%, com 407 mil unidades.
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, disse que há motivos para acreditar em um ano positivo para o setor automotivo brasileiro, pois, além da expectativa de crescimento do mercado interno e da produção, a publicação da MP 1.205 que instituiu o Programa Mover também deve favorecer o setor. Segundo ele, o programa é uma política industrial moderna e inteligente, que garante previsibilidade a toda a cadeia automotiva presente no país e a novas empresas que chegarem, e ainda privilegia as novas tecnologias de descarbonização, os investimentos em P&D e favorece a neoindustrialização.