Cúpula do Science20 defende regulação da IA e políticas de equidade

Foto: Stanislaw Pytel/Getty Images
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Além da IA, o documento final aborda outros quatro eixos temáticos

Autoridades e cientistas representantes dos membros do G20 fecharam um documento com recomendações aos líderes do bloco na terça-feira (2), marcando o último dia da Cúpula do Science20 (S20), realizada no Rio de Janeiro. Um dos principais destaques do encontro foi a defesa de regulamentações no uso de inteligência artificial (IA) e a criação de políticas que garantam um equilíbrio entre inovação, segurança do emprego e direitos dos trabalhadores.

Além da IA, o documento final aborda outros quatro eixos temáticos: bioeconomia, transição energética, desafios da saúde e justiça social. O evento, cujo lema foi “Ciência para a transformação mundial”, foi conduzido por Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Nader ressaltou a importância de o Brasil liderar o processo e buscar reduzir as desigualdades entre os membros do G20.

“O Norte Global não está preocupado, não está olhando como deveria para as necessidades do Sul Global. O G20 pode ajudar a mudar isso. O Brasil está ocupando uma posição de liderança e pode fazer mudanças dentro do grupo, pressionando para garantir os engajamentos sociais que a área de ciência e tecnologia está buscando”, afirmou Helena Nader.

A inclusão da China e da África do Sul no debate foi destacada por Nader como um fator que facilitou a convergência de ideias.

As recomendações específicas incluem a criação de políticas em uma economia impulsionada por IA para assegurar a segurança no emprego e os direitos dos trabalhadores. Essas políticas devem ser flexíveis, adaptáveis e fundamentadas em princípios éticos compartilhados, garantindo a inovação enquanto reduzem os riscos sociais. Também foi enfatizada a necessidade de estabelecer regulamentações de IA e padrões de governança de dados que beneficiem todos os países de maneira justa e defendam valores humanos.

No tema da bioeconomia, os países do G20 foram incentivados a chegar a um consenso sobre o papel da bioeconomia como estratégia para enfrentar mudanças climáticas, perda de biodiversidade, pobreza e saúde.

Em relação à transição energética, o documento destaca a necessidade de esforços para reduzir emissões, aumentando o uso de energias com baixas emissões, incluindo nuclear e renováveis, e avançando para a eliminação progressiva do carvão. A captura e armazenamento de carbono, além da precificação de carbono em escala global, foram recomendados para minimizar as emissões de CO2.

Nos desafios da saúde, as recomendações incluem garantir o acesso global a vacinas, medicamentos e ferramentas de diagnóstico, promover a produção local e regional sustentável, desenvolver capacidades em pesquisa e inovação e combater a desinformação por meio de estratégias eficazes de comunicação.

Para a justiça social, as recomendações envolvem expandir a infraestrutura para acesso universal à internet, aumentar a alfabetização digital, formular abordagens inclusivas para o desenvolvimento digital e abordar a desinformação relacionada à ciência nos meios de comunicação digital.

A Cúpula do S20 contou com representantes das Academias de Ciências da África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Japão, Índia, Indonésia, Itália, México, Reino Unido, Turquia e a Academia Europeia, representando a União Europeia. O evento teve apoio financeiro da Finep e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Criado em 2017, o S20 atua como grupo de engajamento do G20 para a área de ciência e tecnologia, com debates anuais coordenados pela academia de ciências do país que preside o G20. As reuniões anteriores foram sediadas pela Alemanha (2017), Argentina (2018), Japão (2019), Arábia Saudita (2020), Itália (2021), Indonésia (2022) e Índia (2023).

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