Levitação magnética deixa de ser ficção e torna-se realidade
A tecnologia maglev aproveita campos magnéticos para levitar e mover um objeto em um sistema flutuante, sem contato físico
O conceito de levitação, popularizado por livros, filmes e séries que retratam poderes mágicos ou avanços tecnológicos, como nos carros do filme “O Quinto Elemento” (1997) ou no hoverboard de “De Volta para o Futuro 2” (1989), está deixando o mundo da ficção para se tornar uma realidade científica e tecnológica. Nos últimos anos, cientistas têm alcançado resultados que colocam a levitação em um novo patamar, principalmente através da levitação magnética, também conhecida como maglev (magnetic levitation).
A levitação magnética utiliza campos magnéticos para propulsionar objetos sem qualquer contato entre as superfícies. Este princípio pode ser exemplificado ao realizar um experimento com dois ímãs de pólos iguais, que se repelem pela força magnética. A tecnologia maglev aproveita essa reação para levitar e mover um objeto em um sistema flutuante, sem contato físico.
Um exemplo clássico da aplicação dessa tecnologia são os trens Maglev, utilizados na China. Devido à ausência de contato entre as superfícies, esses veículos são capazes de atingir altas velocidades. Por enquanto, a maioria das aplicações dessa tecnologia está concentrada na área de transportes, mas os pesquisadores preveem que a levitação magnética será amplamente utilizada em áreas como a espacial e a médica.
Na Europa, a empresa italiana IronLev testou recentemente o primeiro trem Maglev em uma ferrovia em Veneza, na Itália. O veículo percorreu dois quilômetros e atingiu a velocidade de 70 km/h. Apesar da velocidade relativamente baixa, a companhia considerou o experimento um sucesso, pois os testes podem abrir as portas para a utilização da levitação magnética no país.
Além dos trens Maglev, a levitação magnética já está sendo utilizada em diversas indústrias para reduzir atritos em máquinas industriais. Esse efeito também está sendo amplamente estudado pela área científica. Recentemente, um time de cientistas do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa (OIST), no Japão, publicou um estudo sobre um sistema que pode levitar um objeto sem consumir energia.
“Se for suficientemente resfriada, nossa plataforma levitante poderá superar até mesmo os gravímetros atômicos mais sensíveis desenvolvidos até o momento. Alcançar esse nível de precisão requer uma engenharia rigorosa para isolar a plataforma de perturbações externas, como vibrações, campos magnéticos e ruído elétrico. Nosso trabalho contínuo se concentra em refinar esses sistemas para desbloquear todo o potencial desta tecnologia”, disse o professor do OIST e coautor do artigo, Jason Twamley.
Conforme os pesquisadores explicam, o estudo do tema pode resultar no desenvolvimento de sensores ultraprecisos e em outras tecnologias avançadas. Eles devem continuar realizando mais testes para explorar todas as aplicações possíveis dessa tecnologia, que pode ser mais futurista do que podemos imaginar.