Microempreendedorismo Individual cresce no Brasil como resposta ao desemprego

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo
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O levantamento do IBGE revelou que a decisão de se tornar MEI foi uma necessidade para muitos brasileiros

Em 2022, o Brasil registrou um aumento significativo no número de Microempreendedores Individuais (MEIs), com 14,6 milhões de pessoas optando por essa modalidade jurídica. Um levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, mais do que uma escolha estratégica, a decisão de se tornar MEI foi uma necessidade para muitos brasileiros, especialmente para aqueles que enfrentaram o desemprego.

Dos 2,1 milhões de novos MEIs sobre os quais o IBGE conseguiu informações detalhadas, 1,7 milhão tinham sido desligados de seus empregos anteriores. Desse total, 1 milhão foram demitidos por iniciativa do empregador ou por justa causa, representando 60,7% dos desligados que se tornaram MEIs. Esse dado reflete uma tendência de empreendedorismo por necessidade, onde a abertura de um negócio próprio surge como alternativa após a perda do emprego formal.

Segundo Thiego Gonçalves Ferreira, analista da pesquisa do IBGE, o cenário reflete a realidade de muitos trabalhadores que, ao serem demitidos, encontram no microempreendedorismo uma saída para o desemprego. “A maioria dos MEIs representa a espécie de empreendedor por necessidade, uma vez que a causa do desligamento não partiu deles, foi involuntária”, explica Ferreira.

Os dados do IBGE também mostram que a experiência prévia dos trabalhadores influencia diretamente o setor em que decidem atuar como MEIs. No segmento de construção, por exemplo, 76,4% dos novos microempreendedores eram pedreiros em seus empregos anteriores. Em transporte, armazenagem e correio, 61,6% trabalhavam como caminhoneiros, e no setor de alojamento e alimentação, 40,9% eram cozinheiros.

A pesquisa ainda destaca a resiliência dos MEIs, com 80% dos negócios estabelecidos em 2019 sobrevivendo até 2022. No entanto, o estudo também revela que menos de 1% dos MEIs empregam outras pessoas, e 38% operam no mesmo endereço de residência do trabalhador.

São Paulo é o estado com o maior número de MEIs, concentrando 27% do total do país, enquanto o setor de serviços é o mais representativo, com 51,5% dos microempreendedores atuando nessa área.

O levantamento, classificado pelo IBGE como experimental por ser uma pesquisa nova iniciada em 2020, traz um panorama importante sobre a evolução do microempreendedorismo no Brasil, mostrando que, para muitos, essa modalidade é mais uma resposta à necessidade do que uma oportunidade cuidadosamente planejada.

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