Termelétricas serão usadas para garantir segurança energética

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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O objetivo é garantir segurança energética em meio à crise hídrica na Região Norte

Com a queda acentuada na disponibilidade de recursos hídricos na Região Norte, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomenda medidas preventivas para evitar problemas de abastecimento de energia no Brasil. O acionamento de termelétricas a gás natural e a redução do uso de usinas hidrelétricas na região são as principais estratégias adotadas para preservar os reservatórios e garantir o fornecimento durante os horários de pico, especialmente à noite, quando a demanda é maior.

As chuvas abaixo da média histórica agravaram a situação dos reservatórios das hidrelétricas, exigindo que o ONS tomasse precauções para evitar um cenário de escassez energética. Apesar do alerta, o ONS assegura que o Sistema Interligado Nacional (SIN) está preparado para atender à demanda, e que as medidas são puramente preventivas. Atualmente, o nível de Energia de Armazenamento (EAR) nos reservatórios do Norte está em 80,96%, um pouco abaixo dos 85,6% registrados no mesmo período do ano passado.

O ONS aponta que a preocupação maior é com os meses de outubro e novembro, quando a demanda por energia tende a aumentar. “Para os períodos do dia de maior consumo de carga, que acontece à noite, especialmente, para os meses de outubro e novembro, o cenário exige a adoção de medidas operativas adicionais e de caráter preventivo”, informou o órgão após a última reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).

Energia solar: expansão e desafios

Outro fator que tem pressionado o sistema elétrico é a expansão da energia solar no Brasil. Embora a energia solar seja uma alternativa limpa e crescente, sua produção cai drasticamente ao anoitecer, impactando a geração elétrica total do país. Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alerta que essa queda de produção, especialmente durante o período seco, exige que outras fontes, como as hidrelétricas, entrem em ação para compensar a falta de energia.

“Quando escurece, toda a produção elétrica baseada na energia solar para, e aí é preciso complementar essa saída com outra fonte, o que normalmente tem sido feito pelas usinas hidrelétricas. Só que, como estamos no período seco, as usinas hidrelétricas, normalmente no Norte, não têm reservatórios suficientes para cobrir essa queda”, explica Castro.

O especialista destaca que, embora seja uma questão conjuntural, a crescente participação da energia solar pode transformar essa situação em um problema estrutural. “Cada vez tem mais energia solar entrando e os reservatórios não estão crescendo, notadamente nesse período seco. Quando voltar a chover, lá para outubro, novembro, e se chover dentro da média, essa situação conjuntural vai ser solucionada, mas a cada ano esse problema vai se repetir”, afirma.

Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o Brasil alcançou 39 gigawatts de potência instalada de energia solar em 2023, com um aumento significativo na geração, impulsionado pela entrada em operação de novas centrais fotovoltaicas.

Futuro energético: desafios e soluções

O cenário atual evidencia a necessidade de um planejamento energético que equilibre a expansão de fontes renováveis, como a solar, com a capacidade de armazenamento e geração das hidrelétricas, especialmente em períodos de seca. O acionamento das termelétricas a gás natural é uma solução temporária, mas reforça a urgência de investimentos em tecnologias de armazenamento de energia e em outras fontes complementares que possam garantir a estabilidade do sistema elétrico a longo prazo.

Enquanto o país aguarda a chegada das chuvas e o retorno à normalidade nos reservatórios, as medidas preventivas do ONS visam garantir que a população não sofra com a falta de energia, mesmo nos momentos de maior demanda.

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