BNDES assina contrato de R$ 10 milhões para projeto na Pequena África

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
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Os recursos adicionais de R$ 10 milhões deverão ser arrecadados junto a doadores

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou nesta quarta-feira um contrato de financiamento no valor de R$ 10 milhões com uma coalizão de organizações negras para fortalecer as instituições de memória na Pequena África, região histórica no centro do Rio de Janeiro. Este território abriga o sítio arqueológico do Cais do Valongo, reconhecido como Patrimônio Cultural Mundial pela Unesco, e foi o principal ponto de entrada de africanos escravizados no Brasil.

O consórcio, vencedor da seleção do BNDES, é composto pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), pela PretaHub e pela Diaspora.Black. Este financiamento é parte de uma estratégia maior da Área de Desenvolvimento Social e Gestão Pública do BNDES, que pretende captar um total de R$ 20 milhões para o projeto, intitulado “Viva Pequena África”. Os recursos adicionais de R$ 10 milhões deverão ser arrecadados junto a doadores.

A iniciativa “Viva Pequena África” será conduzida em cinco eixos principais. O primeiro, com um orçamento de R$ 11 milhões, será destinado a projetos culturais que destacam a identidade cultural e a criatividade negra, além de promover a capacitação e o fortalecimento das organizações sociais locais. O segundo eixo, com um valor de R$ 2 milhões, incluirá a realização da Mostra Cultural Viva Pequena África e a criação do Selo Viva Pequena África.

O terceiro eixo, que receberá R$ 500 mil, prevê a realização do Seminário Internacional Viva Pequena África, com foco na valoração, proteção e difusão do patrimônio cultural. O quarto eixo, com aporte de R$ 548 mil, concentrará esforços na sistematização das tecnologias sociais desenvolvidas pela comunidade, bem como na criação de memórias e novas narrativas de empoderamento social. Por fim, o quinto eixo, com um investimento de R$ 1,7 milhão, será dedicado ao mapeamento dos territórios de memória afro-brasileira e ao fomento de projetos de desenvolvimento local.

Antonio Pita, cofundador e COO da Diaspora.Black, destacou a importância do consórcio e da iniciativa para a valorização da Pequena África como um local de memória e resistência. Ele também mencionou o potencial econômico sustentável que o projeto pode trazer para a população negra, consolidando a região como um dos principais destinos de afroturismo no mundo.

A seleção do consórcio pelo BNDES foi guiada por critérios de equidade racial e envolveu um processo de escuta ativa das instituições e atores locais. Tereza Campello, diretora Socioambiental do BNDES, enfatizou que esse processo foi fundamental para evitar a exclusão e a gentrificação, problemas comuns em outras intervenções urbanas.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, comemorou a assinatura do contrato, sublinhando a importância de preservar a memória afro-brasileira. Ela destacou que a Pequena África é uma região rica em história, que precisa ser cultivada e preservada, para que o Brasil não repita os erros do passado.

Além do financiamento, o território da Pequena África faz parte de um estudo estruturado pela Área de Soluções para Cidades do BNDES, que foi entregue à Prefeitura do Rio de Janeiro no final de 2023. O projeto inclui a revitalização do “Distrito da Vivência e Memória Africana no Rio de Janeiro” e a conservação de áreas históricas como o Centro Cultural José Bonifácio, o Cemitério dos Pretos Novos, o Cais do Valongo, entre outros.

No evento, o BNDES também oficializou sua adesão ao Movimento pela Equidade Racial (Mover) e ao Índice de Equidade Racial nas Empresas (Iere), comprometendo-se a implementar e ampliar ações voltadas para a superação do racismo e da discriminação no ambiente corporativo.

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