Conectividade transforma mais de mil comunidades na Amazônia
A marca, atingida em agosto de 2024, representa um marco na inclusão digital dessas comunidades
Mais de mil comunidades indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhas na Amazônia agora estão conectadas à internet, graças ao projeto Conexão dos Povos da Floresta. A marca, atingida em agosto de 2024, representa um marco na inclusão digital dessas comunidades, trazendo novas oportunidades de estudo, trabalho e fortalecimento cultural.
A Vila São José do Gurupi, uma comunidade quilombola no Pará, é uma das beneficiadas. Para Thaís Ribeiro, assistente social da comunidade, a chegada da internet abriu portas que antes eram inacessíveis. “Estão surgindo novas oportunidades que eu não tive para estudar, para fazer um curso técnico. Está sendo muito positivo”, relatou.
No Acre, Alberico Manchineri, líder indígena da Aldeia Extrema, na Terra Indígena Mamoadate, destaca como a conectividade tem permitido que jovens concluam o ensino médio e cursos técnicos, como enfermagem e informática. Além disso, os barcos de alumínio, equipados com tecnologia, agora levam não apenas fiscalização, mas também saúde e conhecimento aos parentes isolados.
Cada comunidade recebe um kit de conectividade com roteador, antena de internet via satélite, celular e computador. Nas regiões sem acesso estável à energia, também são instalados kits de energia solar para manter a rede funcionando 24 horas por dia.
Liderado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), o projeto visa conectar 4.537 comunidades em territórios protegidos da Amazônia até 2025. Essas áreas, que representam cerca de um terço das florestas conservadas do Brasil, são consideradas essenciais para a preservação ambiental.
O Conexão dos Povos da Floresta tem como pilares a saúde, educação, proteção territorial, empreendedorismo, cultura e ancestralidade. Juliana Dib Rezende, secretária-executiva do projeto, explica que a conectividade vai além da simples conexão, buscando desenvolver a autonomia dos territórios e o uso consciente da tecnologia.
Com apoio financeiro de empresas como Fundo Vale, Bradesco e Itaú, além de organizações sociais e do governo do Reino Unido, o projeto já impacta diretamente cerca de 81 mil pessoas. A fase-piloto começou em março de 2023 na Terra Indígena Yanomami, e a mais recente instalação ocorreu na Reserva Extrativista Terra Grande-Pracuúba, no Pará.
O projeto não só leva internet às comunidades, mas também promove um uso responsável e coletivo da conectividade, alinhado ao desenvolvimento social e à preservação da floresta. “Onde existem esses territórios, existe conservação da floresta”, conclui Juliana Dib Rezende, reforçando o papel vital dessas comunidades na proteção do meio ambiente.