Saúde investe em pesquisas sobre impactos das mudanças climáticas
Com um investimento total de mais de R$ 4,5 milhões, 13 projetos foram escolhidos para receber apoio
Na última semana de agosto, o Ministério da Saúde deu um passo significativo ao realizar o Seminário Marco Zero, um evento que reuniu pesquisadores selecionados para desenvolver projetos em duas áreas cruciais: Inteligência Artificial (IA) e mudanças climáticas. Com um investimento total de mais de R$ 4,5 milhões, 13 projetos foram escolhidos para receber apoio, destacando o compromisso do governo com a inovação e a sustentabilidade na saúde pública.
Segundo Agnes Soares, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, o seminário foi uma oportunidade essencial para alinhar as pesquisas acadêmicas às necessidades práticas do Sistema Único de Saúde (SUS). Ela enfatizou a importância da colaboração entre a academia e a gestão pública, destacando que essa parceria é fundamental para desenvolver soluções inovadoras que possam ter um impacto direto na saúde da população.
O foco do Ministério da Saúde nas áreas de IA e mudanças climáticas reflete a crescente preocupação com os efeitos exacerbados dos eventos climáticos extremos sobre a saúde pública. Agnes Soares ressaltou que, diante desses desafios, é necessário intensificar os esforços para garantir que o SUS seja sustentável e resiliente.
Os projetos foram selecionados por meio de duas chamadas públicas, desenvolvidas em parceria com a Fundação Bill & Melinda Gates, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A primeira chamada, “Promovendo o uso equitativo da Inteligência Artificial para melhorar a saúde global”, resultou na seleção de nove projetos que buscam aplicar soluções de IA em contextos locais. A segunda chamada, “Acelerando inovações para mitigar o impacto das mudanças climáticas na saúde, agricultura e gênero”, apoiou quatro projetos focados em enfrentar os desafios trazidos pelas mudanças climáticas.
Além desses projetos, o Ministério da Saúde tem intensificado suas ações para lidar com as consequências das mudanças climáticas. A criação da Coordenação-Geral de Mudanças Climáticas e Equidade em Saúde (CGCLIMA) e a participação na elaboração do Plano Setorial de Adaptação à Mudança do Clima são exemplos das iniciativas em andamento. O plano, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, busca estabelecer estratégias de adaptação para o SUS e definir diretrizes para ações tanto em nível federal quanto estadual, com um enfoque especial na equidade.
Em outra frente, o Ministério instituiu, em julho, a Sala de Situação Nacional de Emergências Climáticas em Saúde, que tem a missão de coordenar a prevenção e resposta a emergências climáticas, como queimadas e inundações, que representam riscos significativos para a saúde pública. Essas iniciativas demonstram a determinação do Ministério em preparar o SUS para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e garantir a saúde da população brasileira em um cenário de crescente instabilidade ambiental.