Cientistas descobrem indícios de que a Terra teve anéis semelhantes aos de Saturno
Os cientistas analisaram um pico de impactos de meteoritos no Ordoviciano
Pesquisadores identificaram evidências que sugerem que a Terra pode ter tido anéis semelhantes aos de Saturno durante o período Ordoviciano, entre 488 e 443 milhões de anos atrás. Publicada nesta segunda-feira (16) na revista Earth and Planetary Science Letters, a descoberta foi feita a partir de simulações tectônicas daquele período e levanta novas questões sobre a formação do planeta, o clima e a distribuição da vida.
Os cientistas analisaram um pico de impactos de meteoritos no Ordoviciano, identificando 21 crateras de colisões próximas ao Equador, um padrão incomum em comparação com outros corpos celestes, como a Lua e Marte, onde as crateras são distribuídas de forma mais uniforme. Esse padrão intrigante levou os pesquisadores a considerar a possibilidade de um evento extraordinário: a formação de um anel ao redor da Terra após a passagem de um grande asteroide.
Segundo a equipe, o asteroide teria se aproximado da Terra e, ao cruzar o limite de Roche — a distância mínima em que um satélite pode orbitar um planeta sem se desintegrar —, foi despedaçado pelas forças de maré da Terra. O material resultante teria formado um anel de detritos que, ao circular o planeta, pode ter causado alterações climáticas significativas, como o bloqueio parcial da luz solar.
Essa sombra gerada pelo anel poderia ter contribuído para o resfriamento global da superfície terrestre, o que coincide com um dos períodos mais frios nos últimos 500 milhões de anos, o final do Ordoviciano. A descoberta oferece uma nova perspectiva sobre como esses sistemas de anéis poderiam ter influenciado o clima e a vida na Terra.
O principal autor do estudo, Professor Andy Tomkins, da Universidade Monash, destacou o impacto dessa descoberta no entendimento da história geológica da Terra, sugerindo que outros anéis podem ter existido em diferentes épocas, com potencial para moldar o desenvolvimento do planeta.
A descoberta também desafia teorias tradicionais da ciência planetária e abre caminho para investigações futuras sobre como eventos cósmicos podem ter influenciado a evolução da Terra em escalas que antes não eram consideradas.