Indústria brasileira cresce 0,1% em agosto impulsionada por setor extrativo
O principal impulso veio do setor extrativo, especialmente petróleo e mineração
A produção da indústria brasileira registrou uma leve alta de 0,1% em agosto, revertendo parcialmente a queda de 1,4% observada em julho. O principal impulso veio do setor extrativo, especialmente petróleo e mineração, que apresentou um crescimento de 1,1%, segundo os dados divulgados nesta quarta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora modesto, o avanço marca um sinal de recuperação no setor industrial, que acumula expansão de 3% ao longo de 2024 e um crescimento de 2,4% no acumulado dos últimos 12 meses.
Apesar do avanço em agosto, o detalhamento dos dados revela que 18 dos 25 ramos industriais analisados apresentaram recuo no mês, sugerindo uma recuperação desigual entre os diferentes setores. O índice de difusão, que mede o percentual de produtos com aumento de produção, ficou em 56,7%, o que indica que pouco mais da metade dos itens pesquisados teve alta.
Segundo André Macedo, gerente da pesquisa, o cenário é mais positivo ao se observar uma janela temporal maior. “O saldo da produção industrial é positivo, já que o total da indústria cresceu 4,4% em junho”, afirma. Ele ainda ressalta que o índice de média móvel trimestral mantém uma trajetória ascendente desde meados de 2023, o que reforça a percepção de recuperação gradativa do setor.
No entanto, há sinais de alerta, especialmente no segmento da indústria de transformação, que registrou queda de 0,3% em agosto. Esse recuo, segundo Macedo, é o segundo consecutivo, acumulando uma retração de 1,7% nos últimos dois meses. Esse setor, que transforma matéria-prima em produtos finais ou intermediários, é considerado crucial para o desempenho industrial como um todo, e a queda observada acende preocupações.
Entre as influências positivas, além do setor extrativo, destacam-se os segmentos de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, com crescimento de 3,6%, equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, com alta de 4%, e produtos químicos, que subiram 0,7%. Já o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias teve queda de 4,3%, interrompendo dois meses consecutivos de alta. A produção de produtos diversos também recuou significativamente (-16,7%), assim como o segmento de impressão e reprodução de gravações, que caiu 25,1%.
Embora a retração na produção de veículos tenha impactado o resultado geral, Macedo pondera que o cenário pode não representar uma tendência de longo prazo. “É mais uma característica desse mês do que propriamente uma tendência de reversão do quadro positivo dessa atividade nos últimos meses”, explica.
Com os resultados recentes, a produção industrial brasileira se encontra 1,5% acima do nível pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020. No entanto, o setor ainda está 15,4% abaixo do pico histórico atingido em maio de 2011, destacando os desafios para uma recuperação mais robusta e consistente no longo prazo.