Programas educacionais são estratégicos para autoestima de estudantes

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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No Brasil, a educação é obrigatória entre 4 e 17 anos

Ygor, um jovem de 15 anos de Aracaju, é a prova viva de que a educação pode transformar vidas. Aluno da Escola Estadual Poeta Garcia Rosa, ele faz parte do Programa Sergipe na Idade Certa (Prosic), criado para corrigir a defasagem idade-série, um problema grave no estado. Antes de ingressar no programa, Ygor não sabia ler. Hoje, graças ao apoio dos professores e à metodologia intensiva do Prosic, ele consegue não só ler como também escrever, o que representa um marco em sua trajetória pessoal e escolar.

O Prosic surgiu em 2019 com o objetivo de reduzir a taxa de distorção idade-série, que chegou a 39,4% em Sergipe. O programa atua de forma intensiva, acelerando os estudos para que os alunos recuperem o tempo perdido. Ygor está atualmente no “fluxo 4”, cursando simultaneamente o 8º e o 9º anos do ensino fundamental, algo que no sistema regular levaria quatro anos, mas no Prosic será feito em apenas dois. Ele é um dos 42 mil estudantes que passaram pelo programa, que conseguiu reduzir a defasagem para 22,5%.

No Brasil, a educação é obrigatória entre 4 e 17 anos, e os anos finais do ensino fundamental são cruciais para que os alunos sigam em direção à conclusão do ensino médio. No entanto, muitos jovens abandonam os estudos nessa fase, o que dificulta sua inserção no mercado de trabalho. Em 2023, 22% dos jovens brasileiros entre 15 e 29 anos não estudavam nem trabalhavam, de acordo com dados da plataforma QEdu Juventudes e Trabalho.

Para esses jovens, programas como o Prosic são uma oportunidade de retomarem seus estudos e se reconectarem com o ambiente escolar. Segundo o professor Everton Pessan, que atua no programa, a metodologia intensiva e o acompanhamento próximo dos alunos são essenciais para que eles recuperem a confiança e superem as dificuldades. “A autoestima desses estudantes é trabalhada de forma muito cuidadosa”, explica o professor, destacando que muitos alunos, como Ygor, enfrentam dificuldades emocionais e sociais que impactam seu desempenho escolar.

O governo federal também está atento a essa realidade. Em julho de 2023, lançou o Programa Escola das Adolescências, que visa fortalecer os anos finais do ensino fundamental em todo o Brasil. A proposta busca criar um ambiente acolhedor nas escolas, além de melhorar a qualidade da educação e combater a reprovação e o abandono escolar. Iniciativas como o Prosic foram apresentadas em um seminário internacional que discutiu as estratégias para garantir que os adolescentes brasileiros tenham acesso a uma educação de qualidade.

O impacto desses programas vai além do ambiente escolar. A professora de língua portuguesa Elaysa Lima, que leciona na mesma escola que Ygor, acredita que a atenção individualizada e a escuta ativa dos alunos fazem toda a diferença. Em turmas menores, como as do Prosic, os professores conseguem acompanhar de perto o progresso dos estudantes e trabalhar com suas dificuldades específicas. “A turma do Prosic tem essa vantagem de ser menor, o que facilita muito o trabalho do professor”, explica.

No entanto, a recuperação do tempo perdido não é tarefa fácil. Ygor ainda tem um longo caminho pela frente, mas sua história é um exemplo de como o apoio certo pode mudar o destino de muitos jovens. “Se tiver estudo, você tem tudo”, diz ele, agora com a confiança de quem, aos poucos, está vencendo barreiras que antes pareciam intransponíveis.

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