Acesso à internet no Brasil cresce, mas desigualdades persistem

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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Nos lares urbanos, 85% das residências possuem conexão, enquanto nas áreas rurais o índice atinge 74%

A Pesquisa TIC Domicílios 2024, realizada pelo Centro Regional para o Desenvolvimento de Estudos sobre a Sociedade da Informação (Cetic.br), revela que o Brasil alcançou uma marca histórica no acesso à internet. Nos lares urbanos, 85% das residências possuem conexão, enquanto nas áreas rurais o índice atinge 74%. Esses números refletem um avanço impressionante, considerando que, em 2005, apenas 13% dos domicílios urbanos tinham acesso à rede. Neste ano, o número de brasileiros conectados chegou a 141 milhões, cerca de 86% dos habitantes das cidades. Ao incluir atividades online realizadas pelo celular, mas sem conexão domiciliar direta, esse índice sobe para 90%.

O estudo, divulgado durante a 10ª Semana de Inovação promovida pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap), mostra uma transformação significativa em duas décadas. Nos anos 2000, a conexão em lan houses ou internet cafés predominava, enquanto hoje quase toda a população usa smartphones para acessar a internet, diretamente de suas casas.

Apesar do crescimento, as desigualdades de acesso são “marcantes”, segundo o Cetic.br. O levantamento aponta que 100% das residências de classe A têm conexão, enquanto nas classes D e E o índice é de apenas 68%. Entre os 29 milhões de brasileiros que ainda não utilizam a internet, a maioria reside em áreas urbanas (24 milhões), possui apenas o ensino fundamental (22 milhões) e pertence às classes D e E (16 milhões). Além disso, 17 milhões dessas pessoas são pretas ou pardas, e 20 milhões residem nas regiões Sudeste e Nordeste.

A pesquisa destaca também a questão da “conectividade significativa”, medida que considera fatores como qualidade e custo da conexão, presença de banda larga e acesso por diferentes dispositivos. Apenas 22% dos brasileiros com mais de 10 anos de idade possuem um acesso de qualidade satisfatória. Essa porcentagem é maior nas classes A (73%) e na Região Sul (33%), mas bem menor entre os moradores do Nordeste (11%) e das classes D e E (3%).

Em relação aos dispositivos de acesso, o celular é quase universal (99%), seguido pela televisão (60%), que superou o uso do computador pela primeira vez. No recorte por classes sociais, a pesquisa revela que 86% dos brasileiros das classes D e E acessam a internet exclusivamente pelo celular, número que diminui para 57% nas classes A e B, que costumam ter acesso também por outros dispositivos. A utilização de planos pré-pagos ainda predomina (57%), enquanto o plano controle, com um custo fixo mensal, é utilizado por 18%.

Além das questões de acesso, a pesquisa explorou as habilidades digitais dos usuários. Entre os brasileiros com ensino superior, 80% afirmaram ter verificado a veracidade de uma informação online ao menos uma vez, enquanto esse número cai para 31% entre aqueles com ensino fundamental. O ajuste das configurações de privacidade é outro ponto onde a escolaridade influencia: 58% dos internautas com ensino superior afirmam usar essa funcionalidade, contra 18% daqueles com apenas o fundamental.

Com 20 anos de dados, a TIC Domicílios revela o impacto da internet na vida dos brasileiros, mas também expõe o caminho que ainda precisa ser percorrido para garantir uma inclusão digital completa, que englobe qualidade, acessibilidade e equidade de oportunidades no uso da tecnologia no país.

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