A busca pelos tatuís desaparecidos intriga cientistas e banhistas brasileiros

O fenômeno vem sendo estudado por cientistas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)
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Pesquisadores brasileiros estão tentando responder a uma pergunta que tem intrigado frequentadores das praias: por que os tatuís estão sumindo? Esses pequenos crustáceos, que costumavam ser presença garantida na areia molhada pelo vaivém das ondas, estão cada vez mais difíceis de encontrar. O fenômeno vem sendo estudado por cientistas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

A hipótese levantada pelos pesquisadores aponta para um problema global, que afeta diversas espécies do gênero Emerita, incluindo o tatuí mais comum do litoral brasileiro, o Emerita brasiliensis. Segundo a pesquisadora Rayane Abude, da Unirio, os crustáceos estão sendo severamente impactados pelas mudanças ambientais provocadas pelo homem no período do Antropoceno.

O estudo busca entender se o problema ocorre porque os tatuís não estão mais chegando às praias ou porque não conseguem sobreviver quando chegam. Pesquisas anteriores já apontaram para a redução dessas populações em outros países, como Estados Unidos, México, Irã, Uruguai e Peru.

Os tatuís dependem de um ciclo de vida complexo para sobreviver. As fêmeas depositam milhares de ovos na areia, que depois eclodem e liberam larvas no mar. Essas larvas permanecem no oceano por meses antes de retornarem à praia, onde se enterram na areia e continuam seu desenvolvimento. No entanto, uma grande perda ocorre nesse processo: menos de 1% dos ovos chegam à fase adulta.

Outro fator preocupante identificado pelos pesquisadores é que algumas praias funcionam como “fontes”, gerando novos indivíduos, enquanto outras são “sumidouros”, recebendo os tatuís, mas sem oferecer condições adequadas para sua sobrevivência. Além disso, praias muito movimentadas pelo turismo podem ser um risco para os animais jovens, que possuem carapaças frágeis e são facilmente pisoteados.

A pesquisa segue em andamento para compreender melhor as causas do desaparecimento dos tatuís e os impactos das atividades humanas sobre essas populações. Enquanto isso, banhistas seguem se perguntando quando os tatuís voltarão a cavar seus pequenos buracos na areia.

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