A ocupação de cargos de liderança no Poder Executivo brasileiro por pessoas negras ou indígenas avançou nos últimos 25 anos, mas homens brancos ainda detêm a maior fatia das posições de comando. De acordo com o estudo Lideranças Negras no Estado Brasileiro (1995-2024), divulgado nesta sexta-feira (28), esses grupos representam 39% das lideranças nos ministérios, autarquias e fundações, um crescimento de 17 pontos percentuais desde 1999.
Os dados levantados pelo Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial (Afro-Cebrap), com apoio da Fundação Lemann e da Imaginable Futures, mostram que, no governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1999, homens negros ou indígenas ocupavam 13% dos cargos de liderança e mulheres negras ou indígenas, 9%, totalizando 22%. Na mesma época, os homens brancos estavam em 37% dos cargos e as mulheres brancas, em 29%.
Em 2024, sob o terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o cenário apresenta mudanças significativas. Homens negros ou indígenas agora ocupam 24% das posições de liderança, enquanto as mulheres negras ou indígenas estão em 15%. As mulheres brancas passaram a representar 26% desses cargos, mas os homens brancos seguem no topo da hierarquia, com 35%.
A coordenadora do estudo, a socióloga Flavia Rios, da Universidade Federal Fluminense, destaca que, apesar da redução da presença masculina branca, essa ainda é a parcela predominante no comando do Estado. Além disso, o levantamento indica que o avanço da diversidade é mais evidente nos cargos de menor autoridade, enquanto as posições de alto escalão, como ministros e secretários, seguem majoritariamente ocupadas por homens brancos.
O estudo tem como base os dados do Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape) e abrange sete gestões presidenciais. Além da análise estatística, foram realizadas entrevistas com 20 lideranças negras e indígenas para entender as dinâmicas de poder e os desafios enfrentados por esses grupos dentro do Executivo Federal.